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Agroindústria

Projeto em conjunto

Sadia e BRF podem ter projeto comum, como por exemplo na área de pesquisas, antes de decisão do Cade.

Projeto em conjunto

Sadia e BRF – Brasil Foods (novo nome da Perdigão) podem apresentar projetos de atuação comum, antes da decisão final sobre a fusão pelo órgão de defesa da concorrência, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Foi o que informou hoje Paulo Furquim, conselheiro-relator do processo de fusão no Cade.

Em audiência na Câmara dos Deputados, Furquim disse que essa “é uma válvula de escape” para as duas empresas, ainda proibidas de operar conjuntamente enquanto o Cade não dá sua decisão. Ele explicou que as duas companhias de alimentos podem fazer “projeto comum na área de pesquisas, por exemplo, e submeter à liberação do Cade”.

Ele lembrou que não pode antecipar a decisão dos conselheiros, mas explicou que há preocupação do órgão de defesa da concorrência pela concentração de mercado, em vários itens. Entre eles, a participação no mercado de congelados, que sobe a 79,2% com a fusão; no de carnes industrializadas, que passa a 58%; e em margarinas, com 66,2% do setor.

Outro ponto destacado por Furquim foi a existência de “indícios de barreiras à entrada de concorrentes estrangeiros” no País, pelas duas empresas. Além disso, “são empresas muito parecidas, e aí está a maior preocupação porque, provavelmente, exercem pressão de concorrência uma sobre a outra”, continuou o conselheiro do Cade.

“Quero saber quem é capaz de dizer que essa fusão não estabelece o monopólio no setor de alimentos”, questionou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), autor de requerimento para discussão dos efeitos da união das duas gigantes, na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara.

“Nem sempre a fusão é boa para o consumidor. Geralmente, é boa ao lucro das empresas”, continuou o parlamentar do PSOL, queixando-se da ausência de representante dos consumidores na audiência pública. Valente foi seguido nos questionamentos pelo deputado Odacir Zonta (PP-SC) sobre os efeitos do negócio na relação com os produtores rurais envolvidos.

“É preciso fazer uma conta de ganha-ganha, porque a posição não é boa para o produtor, com a perspectiva de verticalização da produção”, disse o deputado Valdir Collato (PMDB-SC). Ele sugeriu a criação de uma comissão parlamentar para seguir o processo de fusão.