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Agroindústria

Exportações da BRF caem 25%

Segundo Mdic, exportações da Sadia e Perdigão ainda sofrem os efeitos da crise econômica internacional.

Exportações da BRF caem 25%

As exportações da BRF-Brasil Foods, considerando os embarques de Sadia e Perdigão, totalizaram US$ 949,8 milhões no terceiro trimestre de 2009, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Esse valor representa uma queda de 25% em relação à receita obtida no exterior por Sadia e Perdigão, juntas, no mesmo período do ano passado. Os números apontam que as companhias apresentaram um comportamento em linha com a média do mercado, que ainda sofre os efeitos da crise econômica internacional. As exportações totais brasileiras de carne de frango, em receita, caíram 28% entre julho e setembro de 2009.

Apesar de Sadia e BRF (antiga Perdigão) manterem suas atividades operacionais separadamente, à espera da aprovação da fusão anunciada em maio pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a partir deste terceiro trimestre os resultados da Sadia passam a ser consolidados aos da BRF. A divulgação do balanço está agendada para 12 de novembro.

No segundo trimestre, os resultados das indústrias de carne foram influenciados de forma significativa, e bastante negativa, pelo desempenho das exportações, que chegam a representar quase metade da receita das empresas pertencentes a esse setor. No caso de Sadia e Perdigão, as vendas externas responderam por aproximadamente 40% da receita no primeiro semestre deste ano.

Para o terceiro trimestre, a sinalização é de que as empresas tenham sido especialmente influenciadas pela queda no preço médio de exportação da carne de frango, já que, em volume, as vendas brasileiras ao exterior caíram apenas 9%. Já o preço médio de exportação da carne de frango in natura despencou 21%, segundo o Mdic. A desvalorização de 8,7% do dólar no trimestre, em relação ao real (considerando a Ptax), teria sido decisiva na formação de preços no período. Como a carne de frango é uma proteína animal mais barata do que a de boi, por exemplo, ela acaba sofrendo mais os impactos das oscilações na formação de preço, estando sujeita a uma maior volatilidade.

No caso da carne bovina, as exportações sofrem tanto em volume como em preço. No trimestre, a receita obtida com as vendas ao exterior caiu 35% para o mercado em geral, refletindo uma perda de 21% em volume e de 19% no preço médio de exportação de carne in natura. E, ao contrário de Sadia e BRF, que tiveram desempenho semelhante no mercado internacional com retração de 19% e 22% nas exportações, respectivamente, os frigoríficos listados em Bolsa tiveram comportamento diferenciado diante do cenário de retração na demanda externa.

De acordo com os dados compilados pelo ministério, as exportações do Minerva somaram US$ 209,5 milhões no terceiro trimestre, o que representa uma queda de 10% em receita ante o mesmo período de 2008, um desempenho superior à média do mercado A JBS Friboi, por sua vez, sofreu mais os efeitos da crise, com uma queda de 43% na receita obtida com exportações a partir do Brasil, para US$ 225,4 milhões. As exportações respondem por aproximadamente 50% da receita bruta do Minerva e por cerca de 30% da receita da JBS Brasil, que no segundo trimestre foi responsável por 16% da receita líquida total da companhia.

Os dados de exportação referentes à Marfrig Alimentos, que divulga o balanço financeiro referente ao terceiro trimestre nesta noite, não puderam ser calculados porque a empresa não está presente na lista das 40 maiores exportadoras brasileiras divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento mensalmente. JBS Friboi e Minerva devem apresentar os seus números em 13 de novembro.

Para o analista da Link Investimentos Rafael Cintra, um dos motivos que explicam os efeitos mais significativos da crise sobre o mercado de carne bovina é o fato de a Rússia, principal comprador do produto brasileiro, também ter sido um dos mais impactados pela turbulência global. De janeiro a setembro, as exportações brasileiras de carne bovina para a Rússia somaram US$ 691 milhões, o equivalente a uma queda de 45% em comparação ao mesmo intervalo de 2008.

“A recuperação está mais lenta do que o esperado inicialmente. A previsão era de que teríamos um segundo semestre melhor, o que não está se confirmando”, afirmou Cintra. Para o quarto trimestre, a expectativa é de que o ritmo da retomada continue lento, embora de forma gradativa. “No quarto trimestre devemos ter uma recuperação ainda tímida. Espera-se que uma reação mais significativa seja sentida somente a partir do próximo ano”, avaliou o analista da SLW Corretora Cauê Pinheiro.