Com mais de dois terços da nova safra de soja já plantada, os produtores brasileiros negociaram antecipadamente menos de 20% da produção esperada para o ciclo 2009/2010. Segundo analistas, o ritmo mais lento afeta o fluxo de caixa do agricultor e aumenta os riscos. O diretor da Tetras Corretora, Renato Sayeg, afirma que mais de 35% da safra 2008/2009 havia sido comercializada em igual período do ano passado. Para o trader, a lentidão já era esperada por causa da perspectiva de uma produção mundial recorde. “A oferta deve crescer 19% este ano e superar a demanda pela primeira vez depois de dois anos de déficit. Esse quadro, por si só, já é tranquilizador para quem compra soja”, explica.
Sayeg chama a atenção para o fato de que a China, maior importador do grão, já reduziu suas importações depois de importar um volume recorde no primeiro semestre.
Se o cenário é mais confortável para o comprador, que não precisa correr para assegurar seu abastecimento, o produtor dá sinais de que está insatisfeito e espera condições melhores nos próximos meses.
Embora os preços internacionais da soja estejam pelo menos 10% acima do que os registrados em novembro de 2008, o câmbio valorizado compromete a renda do setor. “O dólar na época do plantio estava mais alto do que na comercialização. Se esse dólar tivesse se mantido perto dos R$ 2, teríamos um maior volume comercializado”, diz Sayeg.