Os resultados preliminares da Estatística da Produção Pecuária divulgados no início de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um crescimento no número de abates de frango no Brasil, com alta de 4,7% no 2º trimestre de 2023, somando 1,56 bilhão de cabeças abatidas. Com base nesse número, é possível dimensionar a proporção da produção diária brasileira. Diante de tamanha celeridade produtiva, é difícil acreditar que parte desse processo ainda fosse feito com um ábaco. Sim, esse mesmo, de miçangas coloridas, que muitos de nós usávamos na infância para aprender a somar.
Imagine parar uma linha de produção, que pode chegar a processar até 12 mil aves por hora, por erros de contagem. Ou pior: levar mais de 24 horas para identificar que algo no processo não saiu como o esperado. Esse foi o cenário desafiador que levou técnicos de manutenção da Lar Cooperativa a idealizarem a construção de uma espécie de Ábaco Eletrônico. “Identificamos a necessidade de agilizar e aprimorar a coleta de informações das aves após o abate. Até então esse processo era manual e propenso a erros, o que nos levou a buscar uma solução tecnológica”, explica Rodrigo Langaro, supervisor de processos na Lar Cooperativa Agroindustrial, sobre o desenvolvimento da tecnologia que venceu a categoria “Inovação” do Prêmio Quem é Quem neste ano.
Para o desenvolvimento inicial do projeto, do qual Langaro também fez parte, dois técnicos da área de manutenção da Lar e toda a equipe de produção colaboraram com ideias e pontos importantes para o funcionamento do equipamento. O projeto começou sendo rabiscado em uma caixa de papelão, na qual se registrava o que todos imaginavam como queriam que fosse o novo processo. Cada traço representava a promessa de um processo mais eficiente, que, graças à dedicação de toda a equipe, se concretizou em 2022.
Ao abordar os desafios prévios à implementação do Ábaco Eletrônico, Langaro ressalta as dificuldades relacionadas às condições ambientais, como condensação, umidade e pressão de limpeza, que colocaram à prova a resistência da tecnologia. “Encontrar um material capaz de resistir a essas variações foi um dos principais desafios”, afirma. Com a solução implementada, o sistema agora emite sinais para um software especializado, agilizando a coleta e a análise de dados. Esse avanço tecnológico não apenas otimizou o processo de inspeção, mas também aprimorou a qualidade e a confiabilidade das informações disponíveis para a tomada de decisões estratégicas.