Redação (21/01/2009)- O recente aquecimento do mercado do milho ainda não alcançou as negociações em Mato Grosso, mas já foi suficiente para suspender a ajuda oficial ao campo. Em janeiro, o calmo cenário local destoou dos mercados do Sul e Sudeste do País. Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), mostra que lá os negócios ficaram restritos aos leilões promovidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que foram suspensos.
O superintendente de operações da Conab, João Paulo de Moraes, explica a suspensão dos leilões dos prêmios pagos pelo escoamento do grão ocorreu em função da mudança da conjuntura de mercado com a quebra da safra no Sul do país e a reação das exportações. "Vamos fazer uma avaliação em conjunto com o ministério da Agricultura para definir os instrumentos governamentais que serão utilizados a partir de agora", diz Moraes.
Este ano já foram negociadas 556,2 mil toneladas de milho em duas operações. Das 546 mil toneladas ofertadas em leilões de Prêmios por Escoamento da Produção (Pep), 541 mil foram arrematadas em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Outras 50 mil toneladas foram leiloadas via Vep, ou Valor por Escoamento de Produto – pago para quem comercializar os estoques governamentais -, e 15,2 mil toneladas foram adquiridas pela indústria do setor.
Dados do Imea revelam que, em Mato Grosso, até esta semana, ainda havia 12% do milho produzido em 2008 estocado. No ano passado foram colhidas 7,7 milhões de toneladas no estado, o que significa que cerca de 900 mil toneladas do grão continuam à mercê dos leilões promovidos pela Conab. "No mercado nominal não aparece comprador disposto a pagar mais que R$ 13,50 pela saca de milho", revela Seneri Paludo, superintendente do Imea.
Ainda segundo Paludo, nos leilões o produtor mato-grossense consegue vender a saca por até R$ 15. "Estamos restritos aos leilões federais. E a soja já começou a ser colhida". O milho estocado nos silos fica sujeito a uma perda de qualidade e também de valor no mercado, acredita o superintendente.
Até essa nova configuração do mercado de milho, o Imea estimava uma redução de 31% da área cultivada com o grão em MT, maior produtor de milho safrinha do País. Mesmo sem o impacto esperado dentro dos limites mato-grossenses, o Instituto já está projetando novos números, e desta vez menos impactantes para a safra brasileira.
"A tendência de redução da área plantada vai ser mantida, mas a taxa está sendo revisada", antecipa Seneri Paludo. Segundo ele, a mudança do cenário ainda não foi suficiente para aumentar a rentabilidade do setor produtivo, que ainda não visualiza razões para incrementar os investimentos ou até mesmo manter aqueles feitos na safra passada.
"A formação de preço no Mato Grosso é diferente do restante do País", argumenta Seneri Paludo. O custo de produção no estado ficava entre R$15 e R$16, de acordo com os cálculos do Imea. "Mas essa conta mudou um pouco em virtude da queda nos preços dos fertilizantes", pondera.
Ao persistir a queda na produção de milho, ainda que moderada no que diz respeito à redução da área plantada mas acentuada pela estiagem que assolou as lavouras do Sul, o País deve encenar um retorno aos 51,4 milhões de toneladas de 2007, ano em que, apesar da safra recorde, o abastecimento do mercado interno foi comprometido.