Executivos que trabalharam para algumas das maiores processadoras de frango dos Estados Unidos devem ser julgados pela segunda vez a partir desta terça-feira, enquanto enfrentam acusações do Departamento de Justiça de que conspiraram para fixar preços. O caso do governo contra dez ex-executivos da indústria avícola terminou anteriormente com um julgamento anulado em dezembro, depois que os jurados não conseguiram chegar a um consenso sobre um veredicto após vários dias de deliberações. Os promotores decidiram tentar um novo julgamento, que deve durar 22 dias em um tribunal federal no Colorado.
O processo criminal ocorre após uma investigação federal de vários anos sobre alegações de fixação de preços no setor. O Departamento de Justiça acusou os réus de coordenarem ilicitamente entre si o que suas empresas cobrariam de grandes redes de restaurantes.
Os réus argumentaram durante o primeiro julgamento que compartilhar informações sobre preços não é ilegal e que o governo não poderia provar que os réus participaram de uma ampla conspiração. As acusações têm como alvo executivos seniores do setor de várias empresas de frango, incluindo a Pilgrim’s Pride, o segundo maior fornecedor de frango dos EUA em vendas. As acusações de fixação de preços cobrem supostas atividades de 2012 até o início de 2019.
Entre os acusados estão os ex-CEOs da Pilgrim’s Pride Jayson Penn e Bill Lovette. Lovette se aposentou em março de 2019 e foi sucedido por Penn, que deixou a empresa em setembro de 2020. Representantes da Pilgrim’s, controlada pela brasileira JBS, não quiseram comentar o assunto.
Outros executivos e funcionários acusados incluem Timothy Mulrenin, executivo de vendas da Perdue Farms que trabalhou anteriormente na Tyson Foods; William Kantola, executivo de vendas da Koch Foods; Jimmie Little, ex-diretor de vendas da Pilgrim’s; Gary Brian Roberts, funcionário da Case Farms que trabalhou anteriormente na Tyson; e Rickie Blake, ex-diretor e gerente da George’s.
Todos os réus se declararam inocentes.
O Departamento de Justiça disse em 2020 que executivos da Pilgrim’s e Claxton Poultry Farms, uma empresa menor, compartilharam entre si informações sobre preços e outros detalhes durante o processo de licitação de acordos de fornecimento de frango para grandes redes de restaurantes. O departamento fez novas acusações em outubro de 2020, ampliando o número de empresas e funcionários da indústria de frango ligados à suposta atividade.
Em 2020, a Pilgrim’s fez um acordo com o Departamento de Justiça para resolver acusações criminais de fixação de preços contra a empresa, pagando uma multa de US$ 108 milhões e admitindo culpa. A empresa disse recentemente que continua cooperando com a investigação.
A Tyson, a maior empresa de frango dos EUA em vendas, divulgou em 2020 que estava cooperando com o Departamento de Justiça sob um programa de leniência corporativa depois de descobrir que alguns funcionários estavam implicados no suposto esquema. O programa de leniência permite à empresa evitar processos criminais.
Os réus estarão sujeitos a prisão e multas se condenados. Little não quis comentar o assunto. Penn, Lovette, Mulrenin, Kantola, Roberts e Blake não responderam aos pedidos de comentários. Representantes da Tyson e da George não quiseram comentar. Uma porta-voz da Perdue não quis fazer comentários, mas confirmou que Mulrenin ainda trabalha na empresa. A Case Farms e a Koch Foods não responderam aos pedidos de comentários.
As acusações do governo descrevem relações amigáveis entre funcionários e executivos de empresas avícolas rivais. Os funcionários supostamente telefonaram, enviaram e-mails e mensagens de texto uns para os outros durante os processos de licitação competitivos.
Grandes redes de supermercados nos últimos anos processaram fornecedores de frango, incluindo Pilgrim’s e Tyson, alegando que as empresas coordenaram a produção para aumentar os preços das aves. As empresas de frango estão contestando essas acusações, argumentando que os preços continuam impulsionados pelos preços dos grãos, exportações e outras forças do mercado.
O governo do presidente Joe Biden vem criticando fortemente e de forma mais ampla a indústria de carnes dos EUA, alegando que o setor é controlado por um pequeno número de empresas e que a falta de concorrência prejudica consumidores, produtores e a economia.