Da Redação 20/09/2004 – O ministro interino da Agricultura, José Amauri Dimarzio, afirmou nesta sexta-feira (17/09) que o embargo anunciado pelo governo russo à carne brasileira representou uma “atitude precipitada” e admitiu que possa existir “um outro interesse” além do cuidado com a saúde dos consumidores. O embargo foi decretado depois que o governo brasileiro confirmou ter descoberto na sexta-feira passada um foco de febre aftosa numa pequena propriedade rural a 36 quilômetros de Manaus (AM).
Dimarzio lembrou que neste momento a Rússia tenta fechar um contrato para exportação de trigo para o Brasil, mas a operação não foi definida porque as autoridades brasileiras exigem a adoção de novas medidas sanitárias para o produto russo. A estimativa do Ministério da Agricultura é que, mantido o embargo, o prejuízo diário do país será de R$ 4 milhões. No pior cenário, em que não haja uma solução para a retirada do embargo, Dimarzio calcula que o prejuízo poderá somar até dezembro US$ 250 milhões, o correspondente a 200 mil toneladas de carne. Pelos números mais recentes, a Rússia é responsável por cerca de 20% das exportações de carne do País.
“Não quero afirmar, mas pode ser que exista outro interesse. O que eles precisam entender definitivamente é que o Brasil é um país de dimensões continentais e que, neste sentido, é muito demorado o trabalho para erradicação da febre aftosa”, disse o ministro interino, que se reuniu em São Paulo com representantes de produtores de carne bovina, suína e de frango.