Enquanto o preço da carne bovina segue em alta, o consumo de frango se apresenta como uma solução mais acessível de proteína animal. A pesquisa O Futuro do Food Service, realizada pela Fispal Food Service e a FGV Jr., mostrou que 34,8% dos consumidores adquiriram o hábito de consumir mais frango durante a pandemia.
Contudo, apenas 18,8% disseram que isso se manteria após a crise sanitária. Logo, isso não se mostra uma tendência, pois é algo momentâneo, provavelmente ligado a questões econômicas.
O especialista Norman Vo, do restaurante Miss Saigon, falou ao Food Connection sobre os efeitos desta mudança de comportamento do consumidor no food service.
“Acredito que o consumo de frango vai continuar após a pandemia, porém, não na mesma proporção. O frango acabou entrando no lugar da carne suína e principalmente bovina, que sofreram um maior aumento de preço durante a pandemia”, analisa.
Podemos refletir, então, que o aumento no consumo de frango pode ser algo mais momentâneo, ocasionado, principalmente, por questões econômicas, assim como outro exemplo citado por Norman Vo: “Também notamos o aumento na procura por vinhos com preços mais acessíveis”.
Assim, o gestor de restaurante pode pensar em mais opções de pratos usando a proteína de frango para deixar os preços do seu cardápio mais atrativos e conquistar os clientes. São muitos os preparos de frango que agradam o paladar do consumidor brasileiro.
Cresce a diferença no preço da carne de frango e boi
Em fevereiro, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontou que a proteína de frango nunca esteve tão mais barata que a bovina. O cenário é resultado das quedas de nos preços das aves e do aumento no valor da carne de boi.
A média da diferença entre os preços das carnes de frango e boi negociadas no mercado atacadista da Grande São Paulo está em torno de R$15,60 por quilo. Segundo a análise do Cepea, é a mais ampla da série histórica, iniciada em 2004. Só no mês de fevereiro, por exemplo, o preço do frango sofreu queda de 9,9% em relação a janeiro.
Soma-se a este cenário a diminuição do poder aquisitivo do brasileiro, ou seja, a quantidade de bens e serviços que a pessoa pode adquirir com sua fonte de renda. Isso pode ser visto no reajuste de 10,18% do salário-mínimo para 2022, chegando ao valor de R$ 1.212, enquanto o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) fechou 2021 com um aumento de 17, 46%, ou seja, 7% a mais que o reajuste do salário-mínimo.
Ainda segundo a pesquisa o Futuro do Food Service, a maioria dos consumidores (30%) costuma gastar de 20 a 35 reais com alimentação fora do lar durante a semana, seguido por 36 a 50 reais (22,63%) e menos de 20 reais (15,5%). Aos finais de semana, os consumidores permitem-se gastar mais, costumando investir de 35 a 50 reais (25%), seguido por 20 a 35 reais (19,63%) e 51 a 70 reais (18,88%).