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Brasil: celeiro do mundo

Indústria de alimentação animal prevê crescimento de 9% em 2005.

Da Redação 26/09/2005 – A indústria de alimentação animal tem bons motivos para comemorar o primeiro semestre de 2005. O fechamento do período fez o setor que compreende fabricantes de rações balanceadas, alimentos para animais de estimação (pet food), premix, suplemento mineral e suprimentos aumentar suas projeções para o ano. Segundo dados do SINDIRAÇÕES, Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, a produção de rações no ano deve chegar a 47,2 milhões de toneladas superando as 46,9 milhões de toneladas inicialmente previstas para o ano de 2005.

Com as novas estimativas, e a expectativa por um segundo semestre forte, para o ano de 2005. Estes resultados confirmam a ótima fase do setor, que já havia registrado um crescimento de 5% em 2004.

O investimento no primeiro semestre de 2005 ficou em torno de US$ 91 milhões, o que representa 2% do faturamento obtido no período, no valor de US$ 9,3 bilhões. Os recursos foram destinados à implantação das Boas Práticas de Fabricação, sistemas de qualidade e rastreabilidade, e novos equipamentos. Dos 47,2 milhões de toneladas previstas para o ano, 22.974,20 milhões de toneladas foi a produção do 1o semestre, 8,07% a mais do que o mesmo período de 2004.

O bom momento da indústria de rações deve-se, em grande parte, à alta das exportações de produtos brasileiros de origem animal. Entre janeiro e julho de 2005, o comércio de carne suína para o exterior aumentou em 25%, enquanto a venda de carne de frango subiu 14%. “Desde o ano passado, o Brasil também deixou de importar leite para exportá-lo. Nos últimos seis meses, grande parte da produção do País foi destinada ao consumo externo”, conta João Prior, secretário executivo do SINDIRAÇÕES. Além disso, as vendas de rações para o exterior também aumentaram cerca de 15%.

Outro fator importante para este cenário é o consumo doméstico, que manteve o crescimento previsto de 5% no primeiro semestre de 2005. Este aumento nos mercados interno e externo resultou na expansão dos plantéis de aves, suínos e bovinos, e, conseqüentemente, em uma maior demanda por alimentos animais.

Apesar das boas notícias, os custos das rações, que estiveram em baixa nos últimos 12 meses, poderão subir na segunda metade do ano. A elevação deve-se à provável alta nos preços do milho e da soja que, ao contrário dos últimos anos, tiveram safras menores em 2005. Este aumento pode resultar no reajuste dos preços de todos os produtos à base de proteína animal tais como carnes, ovos e leite o que pode inibir significativamente o consumo doméstico.

Segundo Mario Sergio Cutait, presidente do SINDIRAÇÕES, “o desempenho do setor poderia ter sido ainda melhor não fosse a elevada carga tributária sobre os produtos de alimentação animal que chega em 24%. Desde janeiro, a situação foi agravada pelo acréscimo do PIS e COFINS aos impostos que incidem na comercialização de rações. A alta taxa que os produtores têm de pagar ao governo atrapalha o crescimento da indústria. Mas, estamos em negociações com o Ministério da Fazenda com apoio do Ministério da Agricultura para reverter este quadro”, afirma Cutait.

Desempenho por segmento

Os grandes destaques da indústria de alimentação animal no primeiro semestre de 2005 foram a avicultura de corte e a suinocultura, que cresceram 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a avicultura de postura (para produção de ovos) registrou um aumento de 6% no primeiro semestre, mas a expectativa é de um desempenho superior na segunda metade de 2005. Os produtos destinados à bovinocultura também continuam em alta. As vendas de rações para pecuária leiteira devem aumentar 10% em 2005. Para a pecuária de corte, esta expansão deve superar os 13%.

O segmento de pet food com alimentos para cães e gatos foi o único a não atingir as metas para o período. O crescimento do setor ficou em 4%, abaixo dos 8% previstos para o primeiro semestre. O desempenho aquém do esperado deve-se à estabilização das vendas no mercado interno. Neste ano, os preços dos alimentos para animais de estimação cuja metade equivale a impostos sofreram o acréscimo de 9,25% do PIS e COFINS e o poder aquisitivo da população brasileira não acompanhou o aumento. Entretanto, o melhor desempenho nas exportações foi obtido pelo segmento de alimentação para pets, responsável por 50% do volume de rações comercializado no período. As rações para animais de estimação foram comercializadas, principalmente, para América do Sul e Europa Ocidental.

Sindirações e USP firmam parceria para criar índice do setor

Além dos excelentes resultados da indústria, o SINDIRAÇÕES anuncia parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada o Instituto CEPEA/Esalq-USP. Juntas, as entidades vão analisar as estatísticas do setor. Sindicato e Instituto também vão trabalhar em estudos sobre demandas de alimentos animais e custos de produção. O objetivo é transformar estes números em referência de mercado mundial e ferramenta de trabalho no planejamento das indústrias do setor. O resultado final será um amplo banco de dados, com índices de previsões e tendências do mundo do agronegócios.

O CEPEA é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). O instituto foi criado por docentes do Departamento com a finalidade de atender às demandas por estudos e pesquisas nas áreas da economia, administração e ciências sociais.