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Estiagem prejudica safra de milho em Santa Catarina

Produtores catarinenses estimam que se a seca durar mais 15 dias mais de 30% da safra de cereais poderá quebrar.

Redação (10/01/2006) – A falta de água na região meio-oeste de Santa Catarina pode causar a quebra de mais de 30% na safra de cereais, em especial do milho, em 2006. A constatação é do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária, Enori Barbieri.
Segundo ele, isso acontecerá se a estiagem perdurar por mais 15 dias. Ontem, o governo estadual divulgou um balanço das perdas em razão da estiagem: 17% da produção de milho já foi perdida. Além disso, houve impacto nas outras culturas: déficit de 12% na de soja, 12% na de feijão e 13% na de leite.

O prejuízo já ultrapassa os R$ 241 milhões, e a expectativa é que seja ainda maior. Não há previsão de chuva para os próximos dias.
De acordo com o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Moacir Sopelsa, a faixa atingida pela estiagem é menor do que a do ano passado, mas, em compensação, os estragos serão iguais ou até maiores nos locais. Em 2005, houve perdas na safra de R$ 734 milhões.
Os municípios de Concórdia e Campos Novos estão entre os mais afetados. As cidades tiveram perdas de 48% e 44% na safra de milho, mais de 260 mil toneladas.

Em Xanxerê, há propriedades com quase 80% da safra perdida -só de soja, foram 63 mil toneladas, mais da metade das perdas totais do Estado. Já no extremo oeste, onde está Chapecó, as chuvas têm ajudado os pequenos produtores.

Ainda assim, afirma Barbieri, eles não terão como pagar a conta do ano passado. “O preço da saca caiu muito. Os produtores estão se apavorando e vão acabar tendo mais uma frustração. Estou certo de que haverá um êxodo rural muito grande.”

O problema do abastecimento, afirma o secretário, está sendo contornado com cisternas, poços, açudes e caminhões-pipa. A outra preocupação do Estado é com o rebanho de suínos e aves.
A região é a que mais concentra a produção desses animais, e Santa Catarina é um dos maiores produtores de aves e o maior exportador de suínos do Brasil.

Em algumas cidades, o impacto já é sentido e o governo estuda adotar a irrigação das lavouras para garantir a subsistência dos animais.
Já são 30 cidades em situação de emergência no Estado -neste mesmo período do ano passado, só três estavam sob o decreto. A Defesa Civil acredita, no entanto, que a estiagem será mais branda neste verão.
Segundo o órgão, os municípios estão se antecipando com receio de sofrerem o mesmo impacto do início de 2005. Para Barbieri, eles estão fazendo o que a burocracia manda, pois só com o decreto os produtores têm acesso a créditos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, só quatro municípios seguem em situação de emergência. Na avaliação do governo do Estado, a seca não fará estragos tão grandes como os provocados em 2005. No ano passado, a estiagem afetou mais de 400 cidades.

Houve impacto nas safras de feijão, milho e soja, além de queda na produção de leite, nas regiões norte e noroeste do Rio Grande do Sul. Em 2006, a atenção se volta ao sul e ao oeste.