Redação 26/01/2006 – A nova diretoria da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) começa a tirar seus projetos do papel. Em evento realizado na noite de terça-feira (24/01), em São Paulo, a entidade reuniu as principais lideranças da suinocultura brasileira para o lançamento oficial do selo “Empresa Amiga da Suinocultura” e do jornal “Argumento Suíno”.
Histórico, o evento marcou também a assinatura do convênio entre a ABCS e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para a criação de uma comissão de estudos para a normalização da suinocultura brasileira. O encontro, que reuniu cerca de 150 pessoas, contou com a participação do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Roberto Rodrigues, que aproveitando a oportunidade, lançou as bases do Programa Nacional de Suinocultura.
Entrega do certificado para as empresas que aderiram ao selo criado pela ABCS |
Sócio corporativo – Criado para financiar os projetos estratégicos da ABCS, o selo Empresa Amiga da Suinocultura, contou com pronta adesão das empresas da cadeia produtiva suinícola. Durante seu lançamento oficial, realizado na noite de terça-feira, representantes de 26 empresas de diversos setores receberam o certificado de sócios corporativos. “O selo é um instrumento poderoso no enfrentamento dos enormes desafios que temos pela frente”, afirmou Rubens Valentini, presidente da ABCS.
Numa mostra de como a ABCS pretende investir o dinheiro angariado com o selo, Valentini informou que a entidade acaba de receber de seu Conselho Médico o primeiro conjunto de quatro monografias sobre a carne suína. O roteiro de trabalho, denominado “O impacto do consumo de carne suína sobre a saúde humana”, apresenta uma perspectivas de quatro áreas específicas do conhecimento médico: a cardiologia, a gastroenterologia, a nutrição e a endocrinologia.
Segundo o presidente da ABCS, os textos serão utilizados como base de dados tanto para a orientação de pesquisas científicas como para divulgação junto à comunidade médica brasileira. “Médicos falando para médicos em linguagem científica e a partir de metodologia científica. É assim que pretendemos enfrentar as mazelas do preconceito que tantas vezes frustra nosso esforço produtivo”, afirmou. “É com esse tipo de investimento como exemplo que pretendemos trabalhar com os recursos arrecadados com o selo, ou seja, dinheiro da cadeia produtiva investido no interesse do desenvolvimento da cadeia produtiva”.
Presidente da ABNT durante assinatura do convênio com a ABCS |
Normalização – Atendendo a uma antiga aspiração do setor suinícola nacional, a ABCS assinou durante o evento o convênio com a ABNT para a criação de uma comissão de estudos para a normalização da suinocultura.
Para a ABCS, a normalização referenciada, a certificação da produção e da comercialização são ferramentas indispensáveis no mundo contemporâneo. “O protocolo de cooperação técnica que estamos firmando com a ABNT é a etapa inicial de um caminho que se tornará indissociável do esforço de qualidade realizado no processo produtivo de carne suína e a percepção que o mercado e consumidores têm dos produtos suinícolas”, afirmou.
Fundada em 1940, a ABNT é o órgão responsável pela normalização técnica no País, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Entidade privada, sem fins lucrativos, a ABNT é membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização).
De acordo com o presidente da ABNT, Pedro Buzatto Costa, as normas que nortearão o processo certificação dos produtos suinícolas brasileiros serão definidas pelos empresários do setor. “Depois de definidas essas normas irão certificar e atestar aos consumidores internos e externos a qualidade do produto suinícola nacional”, afirmou.
Argumento Suíno – O evento promovido pela ABCS marcou também o lançamento do jornal Argumento Suíno. Com uma tiragem inicial de 10 mil exemplares, a publicação nasce com a missão de construir uma nova imagem para o produto suinícola no Brasil. “O mercado brasileiro comete com a carne suína uma das maiores injustiças do marketing mundial. Nunca nada foi produzido com tanta qualidade e percebido de forma tão pouco meritória”, argumentou Fernando Barros, diretor de marketing da ABCS. “Está aí o charme do desafio do jornal “Argumento Suíno: construir uma nova imagem para o produto suinícola no mercado brasileiro”, completa.
Segundo ele, o reposicionamento institucional e estratégico da ABCS, ao lado de articulações envolvendo a área executiva do governo, a área legislativa e a cadeia produtiva como um todo, são o pano de fundo desse processo. “O Argumento Suíno é um dos pilares desse trabalho e passa primeiro pelo que denominamos de marketing sistêmico”, afirma Barros. “É preciso preparar a cadeia para jogar esse jogo. Não basta produzir com qualidade, é imperioso percorrer toda a trajetória do produto e cooptar cada ator desse processo, da granja ao ponto de venda”.
Roberto Rodrigues lança o Programa Nacional de Suinocultura |
Política estruturante – Coube ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, fechar o evento com chave de ouro. Aproveitando sua participação no encontro, Rodrigues lançou as bases do Programa Nacional de Suinocultura. Segundo o ministro, a objetivo final do Programa é promover o crescimento sustentado da atividade suinícola, assegurando rentabilidade para o suinocultor e abertura definitiva de mercado no âmbito externo e o “crescimento vigoroso” do consumo no mercado interno.
Para tanto, explica Rodrigues, será criado um subgrupo dentro da Câmara Setorial de Aves, Suínos, Milho e Sorgo, liderado pelo presidente da ABCS, cuja incumbência será discutir e reunir as principais demandas do setor para a construção de uma política nacional da suinocultura. “A idéia é construir uma política objetiva, que assegure a sustentabilidade do setor, a renda do produtor, a agregação de valor dos produtos, o desenvolvimento do mercado interno e externo, cuidando de questões como a sanidade animal e o meio ambiente”, explica Rodrigues.
Indagado sobre quanto o ministério investirá no programa, Rodrigues afirmou que a verba a ser utilizada no projeto ainda não foi definida. “Em primeiro lugar temos que definir a política a ser seguida, as ações que têm que ser postas em prática para depois definir quais são os investimentos necessários”, afirmou.
“Mas o fundamental é que esse programa contribua para o crescimento sustentável da atividade produtiva da suinocultura, tendo em vista também uma ação de consumo vigorosa no mercado interno. Qualquer produto que dependa em grande parte da exportação está sujeito a viver momentos de dificuldade”.