Redação AI (24/02/06) – Aparentemente tranqüilo, Jerson Maciel, sócio majoritário da Avestruz Master, disse ontem que não vai se esforçar para voltar à administração da empresa. Sua preocupação agora é que as obras do frigorífico Struthio Gold não sejam paralisadas e que o empreendimento possa realmente funcionar a partir do próximo mês. “Acho que o juiz tomou a decisão acertada. Nós não estávamos conseguindo desbloquear nenhum bem para vender e concluir o abatedouro. Talvez agora o processo ganhe celeridade, dois carros que forem vendidos é o suficiente”, confia o ex-administrador.
Segundo ele, ainda faltam cerca de R$ 490 mil e 20 dias de trabalho para que o frigorífico comece a funcionar. Ele afirma que essa é a única forma de a empresa ganhar credibilidade, voltar a ter fluxo de caixa e se sustentar para então conseguir pagar os investidores, caso contrário o resultado será a falência e prejuízo para todos. “Se tudo correr bem, no próximo mês nós estaremos inaugurando o frigorífico e todos participarão deste acontecimento”, acredita. Ele disse ainda que os funcionários estão com os salários praticamente em dia e que não falta ração para as aves, ou seja, está tudo sob controle.
Para que os trabalhos continuem e a empresa possa se recuperar, Jerson Maciel se propõe a dar todas as orientações e informações necessárias aos adminstradores judiciais. Ele afirma ainda que é inocente das acusações que lhe foram feitas pela Polícia Federal e que justificam em parte a decisão do juiz da 11 Vara Cível de Goiânia, Carlos Magno Rocha da Silva, de afastar da direção da empresa Jerson Maciel, com 80% das ações, e os sócios minoritários Jerson Maciel da Silva Júnior (5%), Elizabeth Helena Maciel (5%) e François Van Sebroeck (10%).
A decisão de afastar a família Maciel da Avestruz Master foi embasada em dados do inquérito policial elaborado pela Polícia Federal (PF) e em informações contidas em nota técnica feita pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Entre elas estão fortes indícios de prática de caixa 2, desvio de dinheiro, apresentação de lucros fictícios, elevação do ativo, supervalorização dos estoques e perca de credibilidade.
O nome definitivo do gestor judicial do grupo será escolhido concomitante à assembléia geral de credores, prevista para acontecer em no máximo 60 dias. Até então será mantida a administração judicial formada pelos advogados Sérgio Crispim e Murillo Lôbo. Jerson Maciel também vai colocar todos os seus auxiliares à disposição da nova diretoria. “Nós estamos trabalhando com profissionais altamente qualificados e que podem ajudar neste processo de recuperação da empresa”, afirma.
ASSOCIAÇÃO – O presidente da Associação de Compradores e Criadores de Avestruz (Associavestruz), Amarildo Garcia, esteve reunido ontem com credores da cidade de Anápolis e região para discutir as objeções ao plano de recuperação judicial apresentado pela Avestruz Master. O juiz da 11 vara cível de Goiânia, Carlos Magno Rocha da Silva, deu até o dia 20 para que sejam protocoladas as oposições detalhadas ao plano.
A reunião foi realizada para conseguir adeptos à idéia de formar uma sociedade de credores a partir da falência da empresa. O destaque do plano de modificação é o veto à participação do sócio majoritário da grupo, Jerson Maciel da Silva, nos negócios de forma que ele continue devedor. A associação questionará também os lucros de 51% e o abate de mil aves/dia previstos no plano da empresa.