Redação (08/01/2008)- A Sadia anunciou ontem que firmou, com os controladores da Goiaves, "promessa de compra e venda" de 100% do capital social da empresa, localizada em Buriti Alegre, em Goiás, por R$ 60 milhões. O Valor apurou que desde meados do ano passado, a Sadia analisava a possibilidade de adquirir a Goiaves, que entrou em operação em junho de 2007 e teve investimentos de R$ 40 milhões de seus antigos controladores.
O valor do negócio envolvendo a empresa goiana está sujeito "a ajustes após o resultado do procedimento de due diligence", informou comunicado da Sadia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com a aquisição, a Sadia coloca os pés em Goiás, Estado onde não tem unidades, e onde a Perdigão, sua principal concorrente, tem sua maior operação no país: o complexo agroindustrial de Rio Verde. No Estado, a Perdigão tem ainda unidades em Mineiros e em Jataí.
Para Pedro Galdi, analista da corretora do Banco Real, com a compra da Goiaves, a Sadia busca repor o market share que perdeu depois que a Perdigão adquiriu a Eleva (ex-Avipal) em outubro passado. Conforme a Perdigão, a compra a colocou como primeira no abate de aves e suínos no Brasil e a fez líder na exportação de aves.
Considerando que a operação da Goiaves é pequena, a compra feita pela Sadia é apenas um passo para reconquistar seu espaço no mercado. O abatedouro goiano tem hoje capacidade de produção de 100 mil cabeças de frango por dia e deve faturar aproximadamente R$ 100 milhões até o fim deste ano, segundo o comunicado da Sadia.
A Sadia informou ainda que seu plano é ampliar a capacidade de abate da Goiaves para 200 mil cabeças de frango por dia a partir de 2009, "com investimento na ordem de R$ 70 milhões, propiciando um faturamento em torno de R$ 270 milhões em sua plena capacidade".
Procurada, a Sadia informou que só se pronunciará depois que a operação for concluída.
Segundo apurou o Valor, a Sadia ainda não definiu se vai abater apenas frango na unidade de Goiás; há a possibilidade de vir a abater perus também na planta.
Uma fonte próxima da negociação lembrou que a empresa sempre quis ter operações no Estado de Goiás, e que a compra da Eleva pela Perdigão acabou acelerando uma decisão nesse sentido.
De acordo com Galdi, Sadia e Perdigão continuam olhando oportunidades de negócios. "No setor de carnes, está todo mundo olhando oportunidades", disse, acrescentando que frigoríficos de bovinos querem entrar em suínos e aves. O Bertin é um dos que já admitiu ter interesse em investir no abate de frangos.
A Goiaves, que entrou em operação em junho do ano passado, tinha como controladores os empresários Gal Lachovitz, Adalberto Martins, Jorge Jonas Zabrockis e a companhia paranaense Globoaves, maior produtora independente de pintos de um dia do país.
Em entrevista ao Valor, em junho passado, Zabrockis, que atuava como diretor-geral da Goiaves, disse a empresa só ficaria atrás da Perdigão em abate no Estado. Ele informou ainda, na ocasião, que a meta, em um ano e meio, era ter 350 avicultores integrados. Além disso, disse que, da produção da Goiaves , 70% deveria ser destinada à exportação e 30% ao mercado interno.