Redação (28/01/2008)- O governo russo fixou cotas para importação de carnes para 2008, segundo a notícia que foi veiculada no Jornal O Estado de São Paulo (Agência Estado), no dia 23 de janeiro. “Governo russo aprovou as cotas de importação para 2008 de carne bovina, suína e de frango em um decreto assinado no dia 18 de janeiro e que se tornará efetivo um mês depois”. Segundo a matéria, a cota de importação de carne suína para este ano foi determinada em 493.500 toneladas, ante 484.800 em 2007, sendo a fatia européia de 249.300 toneladas, contra 244.900 toneladas no ano passado. A participação dos EUA é de 49.800 toneladas em 2008, em comparação a 49.000 toneladas em 2007. A participação de outros países onde o Brasil se inclui é de 193.400 toneladas, versus 189.900 no ano passado.
A partir destas informações, o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, ACCS, Wolmir de Souza, lembra que os produtores se depararam com a mesma situação do ano de 2004, onde foi divulgado em vários meios de comunicação, que o governo russo tinha definido que a cota de importação de carne suína do Brasil e “outros paises” para o ano de 2004, seria somente 179,5 mil toneladas.
Fazendo um comparativo do primeiro dia que saiu uma nota no jornal Diário Catarinense, dia 28 de novembro de 2003,, das cotas fixadas pela Rússia, o valor do suíno estava R$ 1,84 em novembro de 2003 e dezembro de 2003 R$1,80, já em janeiro de 2004 R$1,72 e fechou o ano em R$ 2,50, (gráfico abaixo). Já as exportações brasileiras para a Rússia, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína, Abipcs, em 2004, foram de 288.129 toneladas e 2005 somaram 404.739 toneladas.
Wolmir de Souza lembra que no dia 18 de fevereiro de 2004, ocorreu uma reunião no Ministério da Agricultura em Brasília, com as principais lideranças do setor, prevendo a maior crise da suinocultura dos últimos tempos. Várias medidas foram discutidas para amenizar e um documento assinado pelo presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, ABCS, na época, José Adão Braun e o Presidente Abipecs, Pedro Benhur Bohrer, previa várias ações para reduzir o impacto negativo. No documento consta a redução de 0,5 a 1,0% nos alojamentos de matrizes; diminuição de quatro quilos no peso médio de abate; abater leitões de 24 kg, fazer campanha de marketing além de outras ações. “Mas nada disso aconteceu, o que se viu e podemos comprovar com números, foi uma grande produção de suínos, com exportações razoáveis, mercado equilibrado e a imposição de cotas que na realidade não ocorreu. Hoje, mesmo não abertamente, mas fala-se também em redução de plantel, portanto estão tentando novamente implanta na mentalidade dos suinocultores uma crise que não há”, salienta.
As contradições do mercado
Em dezembro de 2007, quando a Rússia anunciou a quebra do bloqueio das compras de carne suína catarinense, criou-se uma expectativa positiva no setor e os preços reagiram. Após a última semana, quando os russos anunciaram vistoria de técnicos para 40 frigoríficos brasileiros, praticamente todos de carne bovina e nenhum de Santa Catarina, as especulações e o pessimismo proporcionaram queda no valor pago pelo quilograma do suíno.
Na quinta-feira a notícia da imposição de cotas da Rússia, acabou desnorteando ainda mais o setor, mas segundo alguns números e dados de 2003 e 2004, o que ocorre hoje, é a mesma realidade daquele tempo, quando foi plantada uma crise mas que na realidade não ocorreu. Na época, as informações eram de que em 2004, o Brasil teria que disputar com outros países exportadores, 179 mil toneladas de carne suína. “Mas os números oficiais do Ministério do Comércio e Exterior mostram que em 2004, só o Brasil exportou para a Rússia, 288.129 toneladas”, explica o presidente da ACCS.
Outra contradição que ocorre hoje, é com relação ao número de matrizes comercializadas neste período, com relação a 2007, que segundo o Gerente Técnico e Comercial Brasil, Topigs, Everaldo De Paula, as reposições técnicas estão sendo feitas normalmente desde o segundo semestre de 2007. “Como hoje as granjas prezam muito a reposição técnica e nossos clientes realmente a fazem, o número de matrizes comercializadas é muito bom. Claro que quando a crise passa, clientes que não tem como costume fazer reposição técnica voltam a comprar. E isso faz com que o volume de vendas realmente aumente”, explica.
O gerente finaliza afirmando que os produtores que pensam de maneira empresarial não deixam de fazer reposição e trocar suas fêmeas. “Existem produtores aumentando suas granjas ou projetos para ganhar em escala e muitos pequenos suinocultores estão se aliando a esses produtores e formando integrações regionais, o que vemos com muito bons olhos para a suinocultura”, destaca.
O presidente da ACCS destaca a grande procura das agroindústrias por leitões, “além de estar comprando suínos de terceiros, o que não é normal. Tudo isso é uma tendência promissora, porque ninguém vai investir em suinocultura se não tiver mercado”, finaliza.