Redação (29/01/2008)- A novela em que se transformou a exportação da carne suína catarinense para a Rússia promete um desfecho amargo para o pequeno produtor. A indústria mantém o otimismo com a possibilidade da abertura de novos mercados, mas os pequenos produtores não têm como esperar muito. Apesar de liberado para exportar carne suína para a Rússia no ano passado, o mercado de SC enfrenta barreiras para retomar as exportações. Nas negociações com o Brasil, o foco da Rússia agora é a carne bovina. Equipes russas virão ao Brasil vistoriar 40 frigoríficos – sendo que apenas quatro trabalham com carne suína e nenhum deles em SC.
O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc), Enori Barbieri, acredita que o boicote às exportações de carne suína catarinense é uma forma da Rússia proteger seu mercado interno. "A Rússia importa entre 25 mil e 30 mil toneladas de suíno por mês. SC tem capacidade de exportar para eles até 50 mil toneladas por mês". Enori sugere que, com o status de área livre de febre aftosa, SC aproveite o potencial de novos mercados para manter a estabilidade das indústrias. Mas ele reconhece que os produtores não terão estrutura para se manter até a abertura destes mercados.
Dados da Associação Catarinense de Criadores de Suínos indicam que 70% dos animais já são das indústrias, contra 30% dos produtores. A média de idade do produtor é de 47 anos e 50% deles não têm um sucessor para dar continuar o trabalho. O preço do quilo de suíno vivo, pago ao produtor, que chegou a R$ 3 no ano passado, está hoje em R$ 2,10. Enori diz que apenas com o custo da produção, o gasto é de R$ 2,40.