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Entidades agrícolas confiam no CNBS para a liberação de milho transgênico

Duas variedades transgênicas estão há quase 10 anos em avaliação governamental para comercialização no Brasil.

Redação (08/02/2008)- O presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ywao Miyamoto, está confiante na realização da reunião do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) na próxima terça-feira, dia 12, quando o órgão decidirá sobre a  liberação comercial final de duas variedades de milho geneticamente modificados já aprovadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Essas variedades transgênicas estão há quase 10 anos em avaliação governamental para comercialização no Brasil. Do ponto de vista de biossegurança, ambas obtiveram aprovação da CTNBio e, agora, precisam passar pelo crivo político-econômico do CNBS. 

“A cada dia que passa, o Brasil está perdendo posições para seus competidores internacionais que já dispõem de ferramentas biotecnológicas há muito tempo”, observa Miyamoto. “Esta situação não poderá durar eternamente e, mais dia menos dia, o governo terá que ouvir os produtores e a sociedade brasileira.” Para o presidente da Abrasem, “não se pode impedir o agricultor de evoluir e é isto que está ocorrendo, sem a aprovação do milho transgênico. Está comprovado tecnicamente que a biotecnologia é boa para a agricultura e para o meio ambiente, conforme estudo que a Abrasem acaba de divulgar nacionalmente”, acrescenta. Para ele, “caso as autoridades não se sensibilizem para o calendário agrícola, vamos perder mais um ano!”.

Para o presidente do Clube Amigos da Terra, de Tupanciretã-RS, Almir Rebelo,  “os produtores conhecem as vantagens da biotecnologia e ficam preocupados, com questionamentos feitos por entidades oponentes cujos dirigentes não conhecem as práticas agrícolas”. Na opinião do produtor gaúcho, a biotecnologia é totalmente aceita na área da saúde através do uso de medicamentos e vacinas, mas a oposição à sua presença na agricultura brasileira deve promover profundas reflexões por parte dos dirigentes a respeito dos reais interesses do País.  Ele acredita, que no dia 12 de fevereiro prevalecerá o bom senso que tem sido a tônica dos verdadeiros interessados no desenvolvimento brasileiro.

Benefícios ambientais

O estudo inédito que a Abrasem divulgou na última semana de janeiro demonstra os benefícios ambientais que a biotecnologia pode trazer ao País. Elaborado pela Céleres Consultoria, o trabalho ouviu 93 pequenos, médios e grandes agricultores de soja em sete estados (MT, MS, GO, MG, BA, PR e RS) e 90 produtores de algodão, também de porte pequeno, médio e grande, em cinco estados (MT, MS, GO, MG e BA) e, a partir dos dados atuais dos cultivos de soja e algodão, fez uma projeção desses benefícios acumulados para a safra 2016/17.

Concluiu-se que com o plantio da soja transgênica, serão economizados 42,7 bilhões de litros de água, o equivalente ao volume de água suficiente para abastecer uma cidade de quase 100 mil habitantes ao longo do período, 305 milhões de litros de óleo diesel, combustível suficiente para abastecer uma frota de 127,1 mil veículos leves (S10, por exemplo), além de uma redução de emissões para a atmosfera de 919 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono), ou seja, o mesmo que plantar 6,8 milhões de árvores, quantidade necessária para neutralizar tal liberação. O estudo considerou o plantio acumulado nesse período será de aproximadamente 320 milhões de hectares de soja, dos quais 274 milhões de hectares seriam de soja RR e de 23 milhões de hectares de algodão, sendo 16,6 milhões de algodão Bollgard,. Outro dado de extrema importância sócio-ambiental é o da redução do uso de ingrediente ativo, composto químico utilizado na preparação dos agroquímicos, no cultivo de soja transgênica: a queda desse uso no Brasil, apenas com o plantio da soja RR, será de 35,6 milhões de toneladas de ingrediente ativo até 2017.

Já com o cultivo de algodão transgênico, os benefícios serão ainda maiores uma vez que serão economizados 13,5 bilhões de litros de água, volume suficiente para abastecer uma cidade de 30 mil habitantes por 10 anos, 77,3 milhões de litros de óleo diesel, ou seja, o equivalente para o abastecimento de uma frota de 32,2 mil veículos leves, além de uma redução de emissões para a atmosfera de 196,7 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono), o que representa o plantio de 1,5 milhão de árvores, quantidade necessária para neutralizar tal liberação. Proporcionalmente, o algodão convencional utiliza um volume maior de agroquímicos em seu plantio na comparação com a soja convencional, assim, o algodão transgênico permitirá uma redução do volume de ingrediente ativo ainda maior que no caso da soja: 41, 5 milhões de toneladas no mesmo período analisado.

 De acordo com Ywao Miyamoto, a Abrasem está ansiosa para também conduzir estudos semelhantes para o milho transgênico, o que ainda não é possível pelo fato de não haver cultivos aprovados. “Como fizemos com a soja e o algodão, queremos avaliar a quantidade de água, agroquímicos, dióxido de carbono e diesel que o milho transgênico economizará no Brasil”, informa o presidente da Abrasem.