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Locaute dos produtores rurais na Argentina

Pedro de Camargo Neto compara os dois países e conclui: "O Brasil avançou muito".

Redação (27/03/2008)- Pedro de Camargo Neto, pecuarista e presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), analisa o forte locaute dos produtores agrícolas argentinos contra o imposto sobre exportações (retenciones), na primeira grande crise do governo de Cristina Kirchner, e faz o contraponto:

"Realmente, o Brasil avançou muito. Em termos macroeconômicos, o País evoluiu. As discriminações que ocorriam contra o agro se reduziram, quase acabaram. Proibições de exportação ocorriam até o início da década de 1990. O Imposto de Exportação, quase um reintegro limitado, foi extinto pela Lei Kandir", afirma Camargo Neto.

"Controles arbitrários de preço com o discurso do desabastecimento não ocorrem mais. E isso era uma constante. Correr atrás do boi no pasto era tese eleitoral do antigo populismo. A modernização do agro produziu este novo Brasil agrícola. Paramos de correr atrás do boi no pasto e nos transformamos no maior exportador de carne do mundo. Extinguimos o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e seu monopólio das exportações de açúcar. E nos tornamos o maior exportador mundial de açúcar. Tiramos o ICMS das exportações de soja e já somos quase o primeiro exportador mundial do grão".

Segundo Pedro de Camargo Neto, "problemas existem, são muitos os gargalos, há os micro apagões sanitários, mas é preciso reconhecer que evoluímos".

Câmbio – Por essas razões, Camargo Neto concorda com o ex-presidente argentino, Eduardo Duhalde, quando ele cita o Brasil como um modelo a ser seguido em políticas agrícolas. Já com relação ao problema do câmbio apontado pelo ex-ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, que colocaria o Brasil em situação pior que à da Argentina, Camargo Neto discorda:

"Na Argentina, o problema do câmbio agrícola é pior do que no Brasil, porque lá o produtor rural recebe 50% a menos por causa do imposto de exportação. Aqui, felizmente, o câmbio é único para todos: agricultura, indústria e serviços. Nisso também evoluímos. Em agricultura, estamos cem vezes melhor do que na Argentina", completa.