Redação (07/05/2008)- A alta dos preços dos alimentos se transformou em preocupação mundial nos últimos meses. Os estoques mundiais estão menores, dado o aumento da demanda por itens de alimentação, e muitos países diminuíram suas exportações com o objetivo de atender sua demanda interna. Esse excesso de demanda combinado com escassez de oferta contribui para a elevação dos preços (que também está associada à alta no preço do petróleo).
O brasileiro, entretanto, não precisa se preocupar com o desabastecimento de produtos como arroz, feijão, milho e trigo. “A produção brasileira vai bem e ainda há espaço para melhorar”, afirma Edílson Guimarães, secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Para ele, a crise do preço dos alimentos constitui oportunidade para os produtores porque preços mais elevados estimulam a produção e podem levar a ganhos de eficiência.
Os dados do Ministério mostram que ainda existem no País 71 milhões de hectares de áreas não exploradas disponíveis para agricultura e sem implicações ambientais (como desmatamento de florestas ou invasões de áreas protegidas). Além disso, o secretário menciona que um aumento da produtividade da pecuária poderia liberar cerca de 38 milhões de hectares para o plantio. Isso é possível, pois a média da produtividade da pecuária no Brasil é de 1,1 boi/hectare, sendo que a produtividade no estado de São Paulo é de 1,4 boi/hectare. “Se elevarmos a produtividade para algo próximo à de São Paulo, poderíamos aumentar significativamente a área de cultivo”. No Brasil, a produção agrícola ocupa 72 milhões de hectares (sendo 47 milhões para a produção de grãos).
Mecanismos – O governo possui instrumentos de apoio à comercialização e à produção agropecuária, entre eles estão a Aquisição do Governo Federal (que garantem o preço mínimo ao produtor rural), o Prêmio de Escoamento de Produto (o PEP, que assegura o preço mínimo sem haver a necessidade de adquirir o produto), o Contrato de Opção de Venda (título ofertado em leilões, pelo governo, a produtores rurais) e empréstimos, entre outros. Esses mecanismos permitem ao governo realizar operações que, entre outros efeitos, auxiliam a comercialização com a ampliação ou redução de estoques públicos de grãos. Um exemplo são os leilões de arroz realizados nesta e na próxima semana pelo governo.
O secretário informa ainda que o próximo Plano Agrícola e Pecuário 2008/2009, que está em fase de elaboração e será anunciado em junho, deverá conter medidas que respondem às necessidades dos agricultores neste novo cenário econômico. “Estamos terminando as viagens por seis regiões do País, na qual coletamos informações diretamente com os produtores para melhor responder às suas necessidades”.
Arroz – No caso do arroz, por exemplo, os estoques públicos chegaram a 1,4 milhão de toneladas em 2008. Em janeiro, houve o leilão de cem mil; na última segunda-feira (5) foram vendidas mais 27,2 mil toneladas e, na próxima semana, entre 70 mil e 80 mil toneladas serão ofertadas. A operação é realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o gerente de alimentos básicos da Conab, Paulo Morceli, a medida quer contribuir para contenção dos preços. “A venda dos estoques públicos vai colaborar para que o mercado atinja um preço base, bom para produtor e consumidor”, explica. Para o diretor de Gestão de Estoques da estatal, Rogério Colombini, o País dispõe de arroz suficiente para o abastecimento do mercado interno, que deve demandar ainda algo em torno de nove milhões de toneladas até o final do ano. Segundo ele, a Companhia dispõe de 1,3 milhão t em estoque e estima que outras 7,5 milhões t estão em poder dos produtores e cooperativas do Rio Grande do Sul.