Redação (27/05/2008)- O "veranico" (período de temperaturas típicas de verão) dos últimos dias já está diminuindo o potencial produtivo das lavouras do Paraná. Mas como há previsão de chuvas nesta região, a partir de agora as áreas que correm maior risco são as de Mato Grosso e Goiás – onde as precipitações tendem a ser menores em virtude do início do chamado período de seca, tradicional na região até outubro, quando o volume de chuvas volta.
De acordo com levantamento da consultoria Céleres cerca de 60% da área plantada da segunda safra do cereal encontra-se em período de risco climático – floração ou enchimento de grãos. E, segundo a Somar Meterologia, os quatro principais estados produtores da safrinha estão com a umidade no solo abaixo de 60% – considerada a ideal. No entanto, de acordo com o meteorologista Paulo Etchitchury, entre amanhã e quinta-feira deve voltar a chover no Paraná e em Mato Grosso do Sul, que juntos devem produzir 7,4 milhões de toneladas do grão. "No Centro-Oeste as reservas hídricas estão baixando mais rapidamente. E isto começa a preocupar porque as chuvas não serão intensas", afirma. Ele lembra que, nesta época do ano, é comum as frentes frias se deslocarem para o Oceano Atlântico.
Analistas de mercado acreditam que, apesar do veranico, as lavouras tinham uma boa reserva hídrica e não devem ser afetadas. "Até agora está perfeito. O mercado acreditava, até o final de abril, em problema de clima na safrinha. Mas as chuvas se prolongaram e as geadas não ocorreram", diz Paulo Molinari, da Safras & Mercado. Tanto que, nos últimos dias, como ainda não foi registrada quebra e a previsão é de colheita recorde, o preço do cereal começou a ceder. De acordo com os dados de Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), as cotações do grão – por volta de R$ 27 a saca – estão em queda desde o dia 16.
"A partir de agora o produtor fica de olho no clima", afirma o sócio-diretor da Céleres, Leonardo Sologuren. No Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), algumas áreas já perderam o potencial produtivo. De acordo com a Somar, nos dias de veranico, em Cascavel (PR), por exemplo, a temperatura máxima chegou a 30º C, quando a média para o período é de 24ºC. "Mas a quebra de uma região pode ser compensada por outra", argumenta Margorete Demarchi, engenheira-agrônoma do Deral. A previsão do departamento é de uma colheita recorde de 6,48 milhões de toneladas.
No Paraná e em Mato Grosso do Sul, segundo a Somar, o risco de agora poderia ser a geada, muito mais que o veranico. Etchitchury diz que estão previstas chuvas e queda de temperatura na região nos próximos dias, sem geada. Para ele, por causa da seca, Mato Grosso e Goiás, que têm cerca de 6 milhões de toneladas da safrinha, são os mais susceptíveis nos próximos dias. A lavoura de verão, de acordo com as consultorias, está praticamente encerrada, sem riscos.