Redação (03/06/2008)- O último levantamento da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura aponta que o Paraná liderou as exportações avícolas do país durante o mês de abril. Foi a primeira vez que o Estado ficou à frente de Santa Catarina durante o ano. Foram exportados, no período, 65.956.982 mil quilos (quase 66 toneladas) de carne de frango, contra 58.273.579 mil quilos no Estado vizinho. No acumulado do país, foram exportados 252.565.861 mil quilos em abril. Ou seja, os números do Paraná correspondem a 25%, ou ¼ de toda a carne de frango exportada pelo Brasil.
O início do ano já foi de alta para o país. As exportações do agronegócio brasileiro avançaram em 17,8% no comparativo com o mesmo período do ano passado. Esse desempenho favorável fez com que o setor superasse os demais ramos industriais da balança comercial brasileira, ampliando a participação nas exportações globais do país, que passaram de 34,7% para 36%, segundo dados da secretaria. No total, o complexo carnes gerou receita cambial de US$ 3,14 bilhões, resultado 30,3% superior ao mesmo período do ano passado. Frango, suínos e perus in natura lideraram o segmento.
Atualmente, o Brasil responde por mais da metade das exportações mundiais de carne. O bom momento de abril vem para resgatar o excelente 2007 do Paraná. Dentro do cenário nacional o Estado vem se destacando como um dos líderes no setor de frango de corte. Dados do Sindicato das Indústrias dos Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar) revelam que no ano passado foram produzidas 1.111.029.995 (1 bilhão e cem milhões) de cabeças de frango no Estado. No mapa avícola paranaense, a região de Maringá é a mais forte, abrigando a holding Unifrango Agroindustrial, composta por 19 abatedouros e incubatórios de frango do Norte paranaense. Somados, todos os associados da Unifrango chegam a abater 1,6 milhões de cabeças por dia.
Frangos Canção
Um exemplo desse bom momento das exportações do setor avícola é a indústria paranaense Frangos Canção, de Maringá, que faz parte da Unifrango, e destinou 60% de sua produção de frangos de corte no primeiro trimestre do ano para o mercado externo. Foram produzidas aproximadamente 18 mil toneladas no período. Como diferenciais para esse crescimento na fatia das exportações estão produtos específicos, respeitando as características dos países alvo e a participação do grupo nos principais eventos internacionais do setor alimentício.
A empresa é a única do segmento de abate de frangos de Maringá habilitada a comercializar a sua produção para mercados internacionais. Num comparativo com o mesmo período (primeiro trimestre) de 2007, constata-se que houve aumento superior ao dobro dos números obtidos à época: 60% agora, contra 25% em Janeiro, Fevereiro e Março de 2007. A previsão é aumentar ainda mais essa representatividade, pois a empresa planeja implantar um terceiro turno de trabalho, o que deve gerar mais 500 postos de trabalho.
Para Edemir Trevizoli Júnior, gerente de exportações da empresa, o diferencial da Frangos Canção é estar sempre atenta às necessidades do público consumidor. “É fundamental desenvolver produtos diferenciados para certas regiões, como o Oriente Médio, Hong Kong e Japão, e estimular parcerias com distribuidores internacionais, o que faz com que consigamos colocar nossos produtos em evidência mais facilmente nestes mercados”, afirma. Ele explica que no Oriente Médio e em países do Leste Europeu a preferência é pelo frango sem miúdos (fígado e moela), chamado de griller, diferentemente da produção voltada para o mercado interno, que, em sua maioria, consome o frango com os miúdos.
Conquista de mercado
O grupo Frangos Canção começou a explorar o mercado externo em meados de 2004, intensificando a participação em feiras, excelentes oportunidades para divulgar a marca e consolidar parcerias comerciais. “Sem dúvida é importante (participar das feiras), e é por isso que estamos sempre nas quatro ou cinco maiores, com representatividade mundial. Neste ano nós já participamos da feira de Dubai – nos Emirados Árabes –, na Sial China, em Xangai, com o estande da Unifrango, e em Outubro devemos estar na França”, revela Trevizoli Júnior.
Hoje, o Oriente Médio responde pela maior fatia das exportações da empresa. Do total destinado ao comércio internacional, 40% vai para esta região. O que significa que de todo o volume de exportações, que está na casa das três mil toneladas por mês, mil e duzentas vão para lá. “Foi fundamental para nosso sucesso comercial descobrir as necessidades deste mercado. Só assim foi possível conquistá-lo, e agora o desafio é mantê-lo”, complementa o gerente.
Terceiro turno
O volume de produção cresce tanto, que a Frangos Canção já projeta para o início do ano que vem a implantação de um terceiro turno de trabalho, destinado exclusivamente a produção de griller, tão apreciado no Oriente Médio. “Este novo turno será destinado à produção de griller leve, com peso de 900 a 1500g”, afirma Júnior. Assim a empresa passa a trabalhar com dois tipos de frango sem miúdos, o pesado, de 1500 a 2000 gramas; e o leve, de 900 a 1500 gramas.
Durante o ano passado a Canção passou de 90 para 160 mil aves abatidas por dia, por meio da implantação do segundo turno. Com o terceiro turno a previsão é de que sejam abatidas 210 mil aves por dia, o que certamente vai gerar mais empregos, e 500 novas vagas devem ser abertas para suprir as necessidades de pessoal qualificado. As contratações devem começar no final do ano. “A empresa realmente tem crescido muito em número de aves abatidas, tanto é que passou de um para dois turnos e agora está se preparando para o terceiro”, finaliza o gerente.