Redação (05/06/2008)- A expectativa é de que os negócios engatilhados com pelo menos dois frigoríficos croatas interessados em importar carcaças e cortes de suínos brasileiros possam ser concluídos ainda neste ano, acredita o presidente da companhia, Mário Lanznaster.
O potencial de importação é de cerca de 1.500 toneladas por mês. Considerando média de US$ 4 o quilo da carcaça, a receita mensal somaria US$ 6 milhões com as exportações, aproximadamente, conforme avalia o executivo da Aurora. "Não é muito em volume, mas é o fato o que conta".
Quando concluída, a negociação representará a primeira exportação brasileira do produto direcionada àquele país, o que poderá significar também o passo inicial para a reabertura do mercado europeu. "A Croácia fará parte da União Européia em 2010 e tem que se adequar aos padrões do bloco."
O país quer importar carne suína brasileira e o estado de Santa Catarina tem status de área livre de aftosa sem vacinação, para esse estado não há restrições sanitárias", diz Lanznaster. "O fato de Santa Catarina exportar para a Croácia pode representar reabertura do mercado europeu e, conseqüentemente, do Japão e Coréia do Sul", acredita. Esses dois países seguem os mesmos critérios europeus para a importação de carnes.
Mesmo com o interesse imediato de importar por parte dos dois frigoríficos croatas – o Pik Vrbovec e o Vindija – o processo de conclusão de negócios torna-se, talvez, um pouco mais moroso, justamente por conta da preocupação quanto ao cumprimento e adequação às normas do bloco europeu, lembra o executivo.
"As indústrias do setor estão investindo muito. Um deles, o Pik Vrbovec, está ampliando a capacidade de abate de 1.000 para 2.500 cabeças por dia", acrescenta. Os dois frigoríficos têm interesse em importar carcaças e alguns cortes, como a paleta. Segundo Lanznaster, o Brasil pode exportar a preços mais competitivos do que os praticados em território europeu.
O empresário esteve na Croácia na semana passada, em companhia de outros membros do Grupo Parlamentar Brasil-Croácia. A comitiva também contou com a participação de Silas Brasileiro, Secretário Executivo do Ministério da Agricultura; Carlos Arthur de Andrade, representando a Petrobras; Paul Illich, diretor da Cooperativa Agrária; e Alfredo Lang, presidente da C. Vale, além de outros representantes. O grupo foi recebido pelo presidente da República daquele país, Stjepan Mesic.
Em 2007, a receita operacional bruta da Aurora foi de R$ 2,2 bilhões. A empresa abateu 3 milhões de cabeças de suínos e 112,4 milhões de cabeças de aves. A companhia está direcionando 20% da produção ao mercado externo, por conta do câmbio desfavorável.
Histórico
O Brasil não exporta suínos para o bloco europeu há cerca de duas décadas. Os motivos não são só políticos, lembra Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (entidade que reúne empresas produtoras e exportadoras do setor). "Houve problema de focos de aftosa no país, a questão técnica também existe", comenta.
Segundo Camargo Neto, representantes do bloco europeu viriam para verificar frigoríficos e o processo de produção de suínos no Brasil no ano passado, mas os problemas com a rastreabilidade que envolveram a cadeia da carne bovina acabaram retardando esse processo.
China
A China é outro mercado com enorme potencial de consumo que pode, finalmente, após longo período de negociações entre governos, abrir suas portas para os exportadores brasileiros de suínos em 2008. Os chineses têm mais necessidade do que nunca de importar, inclusive anunciaram redução de taxas de importação do produto na semana passada. O motivo dessa necessidade é a doença que atingiu grande parte do rebanho de suínos do país recentemente.
Após reunião, em março deste ano, entre representantes do governo brasileiro e da Administração Geral de Superintendência de Qualidade, Inspeção e Quarentena da República Popular da China, em Pequim, ficou claro o interesse dos chineses em agilizar a habilitação de frigoríficos brasileiros, informou fonte da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura. Camargo Neto, da Abipecs, está otimista em relação a possíveis exportações ainda em 2008, apesar de avaliar como lento o ritmo do andamento dessas negociações.
Lanznaster, da Aurora, acredita que imediatamente após a abertura desse mercado, o Brasil poderia ampliar em 50% o volume de exportações, em cerca de 300 mil toneladas. Já o dirigente da Abipecs, crê que as vendas externas poderiam saltar em 100 mil toneladas. No ano passado, o Brasil exportou 606 mil toneladas (US$ 1,2 bilhão), segundo dados da Abipecs.