Redação (16/05/2008) – A inflação começa a incomodar e virou tema nos principais noticiários econômicos do País. Há uma conjunção de fatores que mostram que é preciso ficar atento para que ela não volte. Muitos já se esqueceram, mas no governo de José Sarney a inflação chegou a 80% ao mês, algo inimaginável para os mais jovens, mas de triste lembrança para os que têm mais de 40 anos.
Não é alarmismo, mas é necessário cuidado. Os preços do petróleo não param de subir afetando toda a cadeia produtiva – do diesel que é usado nas máquinas agrícolas na colheita até o escoamento da safra -, internamente, com a ascensão da classe C, houve considerável aumento da demanda por produtos de todos os gêneros, principalmente alimentícios; além disso, mercados que antes eram insipientes no quesito consumo, começam a comprar, e muito. São os casos de gigantes como a China e a Índia, dois dos mais populosos países do mundo.
Uma das discussões do momento é sobre o avanço das lavouras de cana para suprir as usinas produtoras de biocombustível, tomando espaço de áreas que poderiam ser destinadas a produção de alimentos. Dizem os especialistas que não há com o que se preocupar, pois as áreas de produção de cana não ultrapassam 2% das áreas agricultáveis no Brasil.
""O problema no Brasil não é a falta de terras ou de vontade de produzir, mas sim a falta de planejamento agrícola para o País. É só observar como as terras de várias regiões do nordeste, antes consideradas improdutivas, hoje produzem soja, frutas e outras culturas. A tecnologia melhorou muito nas últimas décadas. Porém, não se percebe uma política agrícola definida, um mapeamento com as possibilidades e incentivos para cada região"", disse o presidente do Sescap-Ldr, José Joaquim Martins Ribeiro.
Segundo ele, além de organizar a agricultura brasileira, o governo deveria reduzir os impostos que recaem sobre os insumos agrícolas – da semente ao adubo. Com isto, acredita o presidente do Sescap-Ldr, os produtores rurais, gastando menos com impostos, teriam como reinvestir no negócio e aumentar a produção.
""Hoje os agricultores estão nas mãos das empresas estrangeiras. A maioria das empresas de fertilizantes e de outros insumos para a lavoura são multinacionais. O governo precisa rever isto, incentivando que estes produtos possam ser produzidos por empresas brasileiras, aumentando a concorrência para provocar uma redução de preços"", alerta Ribeiro.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Kireeff, comentou ontem que esteve conversando dias atrás com um exportador de carne que atende o mercado russo e que ele estava preocupado, pois não estava conseguindo vender a carne brasileira. ""Segundo este exportador, o preço da carne no mercado interno subiu bastante e o consumidor brasileiro está comprando mais. O exportador disse que os criadores estão preferindo deixar a carne aqui, pois os compradores russos não estão querendo pagar o preço que é praticado aqui nosso mercado. Ficou caro para eles"", comentou Kireeff.
Kireff concorda com Ribeiro que é necessário desonerar a agricultura e acredita que, se isso ocorrer, pode haver um ótimo reflexo na produção, pois
no entendimento dele, os produtores reinvestiriam e poderiam produzir mais.