Os preços de commodities agrícolas já estão sentindo os impactos do fenômeno El Niño, de acordo com um comunicado do Commerzbank enviado aos seus clientes. Este evento climático provoca uma ampla gama de mudanças nas condições meteorológicas, desde secas severas até chuvas abundantes, e pode ter implicações significativas em várias regiões do mundo. O banco alemão destaca que produtos como açúcar, café e cacau estão entre os mais afetados pelo fenômeno.
O açúcar emerge como uma das commodities mais impactadas devido à seca que assola a Tailândia, normalmente o segundo maior exportador de cana-de-açúcar. O Commerzbank destaca que a seca provavelmente causará sérios problemas na colheita deste produto na Tailândia. Além disso, no Brasil, líder em produção e exportação de açúcar, as chuvas intensas podem criar desafios logísticos. A Índia, o segundo maior produtor, enfrenta enfraquecimento das monções, o que pode resultar em uma produção menor e, consequentemente, em menores exportações. Devido a esses fatores, foram implementadas restrições às exportações, que foram recentemente prorrogadas até segunda ordem. Isso, por sua vez, levou a um aumento nos preços do açúcar para o seu nível mais alto em 12 anos nos últimos meses, como observado pelo analista Carsten Fritsch.
O café, em particular a variedade robusta, também deve sentir os efeitos do El Niño, com regiões de importantes fornecedores enfrentando secas severas. O Vietnã, o maior fornecedor de café robusta, está situado em uma área que está prevista para sofrer com a escassez de chuvas, juntamente com a Índia e a Indonésia, terceiro e quarto maiores exportadores, respectivamente.
No que diz respeito ao cacau, espera-se que a produção seja afetada por chuvas escassas e temperaturas mais elevadas na Costa do Marfim e em Gana, que são os dois maiores produtores mundiais de cacau. Este cenário é semelhante ao El Niño de 2015/16, quando preocupações com interrupções na oferta ajudaram a elevar os preços do cacau para o seu nível mais alto em 12 anos em setembro. O analista Carsten Fritsch ressalta essas preocupações e seus impactos nos preços das commodities.