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Mercado do milho: preços internos em alta e desafios na comercialização

Mercado do milho: preços internos em alta e desafios na comercialização

Os preços internos do milho no Brasil apresentaram uma ascensão pelo segundo mês consecutivo em outubro, retornando aos níveis observados em maio deste ano, revela o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Esse impulso foi impulsionado pela demanda internacional aquecida e pela necessidade de recomposição de estoques por parte dos compradores domésticos. A retração dos vendedores também contribuiu para a valorização, já que muitos preferiram se afastar do mercado spot, aguardando aumentos mais expressivos nos preços.

No acumulado de outubro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (referência Campinas – SP) registrou um aumento de 4,4%, fechando a R$ 60,02 por saca de 60 kg no dia 31. A média mensal de outubro ficou em R$ 59,13 por saca de 60 kg, representando um aumento de 8,3% em relação a setembro. Os preços regionais também apresentaram elevações, com aumentos de 3,9% no mercado disponível e de 2,1% no mercado de balcão.

Na Bolsa de Valores (B3), os contratos Nov/23 e Jan/24 experimentaram valorizações de 4,1% e 3,9%, respectivamente, no período de 29 de setembro a 31 de outubro, encerrando em R$ 60,70 e R$ 64,73 por saca de 60 kg no último dia.

No cenário dos portos, apesar da desaceleração na comercialização ao longo de outubro, os embarques de milho mantiveram-se aquecidos, refletindo as entregas de lotes negociados antecipadamente. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram embarcadas 8,44 milhões de toneladas em outubro, um aumento de 24,5% em relação a outubro de 2022, mas 3,5% menor que setembro de 2023. Os preços nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) também registraram altas de 3% e 2,2%, respectivamente, entre setembro e outubro.

Apesar do cenário positivo nas exportações e da demanda interna aquecida, a comercialização brasileira está atrasada em comparação com a temporada anterior. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que, até o início de outubro, Mato Grosso havia comercializado 71,84% do total, abaixo dos 78,48% da safra anterior. No Paraná, a Seab/Deral aponta que a comercialização está em 47% até o final de outubro, um atraso de 11 pontos percentuais em relação à temporada anterior. Em Mato Grosso do Sul, a Famasul informa que 55,7% da safra está comprometida, contra 58% em 2022.

No campo, a colheita da safra 2022/23 foi concluída nos primeiros dias de outubro, enquanto a semeadura da safra verão 2023/24 progrediu, enfrentando desafios como o excesso de chuvas e a incidência de pragas, principalmente no Sul do país. Dados da Conab indicam que, até 29 de outubro, a média nacional de semeadura atingiu 37,2% da área prevista. A produção estimada para o Paraná é de 3,12 milhões de toneladas, uma redução de 18% em relação à safra anterior.

As estimativas para a produção brasileira em 2023/24 indicam uma redução de 9,5% em relação a 2022/23, com destaque para a safra de verão, que deve ter uma colheita de 26,16 milhões de toneladas, representando uma queda de 4,4%. O consumo interno é previsto para aumentar em 6%, atingindo 84,48 milhões de toneladas, enquanto as exportações devem diminuir em 27%, totalizando 38 milhões de toneladas. Os estoques em janeiro de 2025 devem ficar em 9,3 milhões de toneladas, abaixo das 10 milhões estimadas para 2022/23.

A análise internacional revela que, na Bolsa de Chicago, os contratos futuros acumularam baixas entre setembro e outubro, influenciados pelo avanço da colheita nos Estados Unidos, pelo clima favorável na Argentina e pela ampla oferta brasileira para exportação. Nos Estados Unidos, a colheita atingiu 71% da área, acima da média dos últimos cinco anos. Na Argentina, 23,4% da área foi semeada, de acordo com a Bolsa de Cereales. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima a produção global em 1,21 bilhão de toneladas para 2023/24, um aumento de 5% em relação a 2022/23.