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EXPORTAÇÃO

Agro brasileiro aponta para novo recorde de receita externa em 2023

Exportações de produtos agropecuários mantiveram-se robustas de janeiro a setembro, acumulando até o momento um impressionante montante de US$ 126 bilhões, representando um crescimento de 3,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior

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O setor do agronegócio brasileiro está trilhando o caminho para alcançar um novo recorde de faturamento em dólar em 2023, revelam dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). As exportações de produtos agropecuários mantiveram-se robustas de janeiro a setembro, acumulando até o momento um impressionante montante de US$ 126 bilhões, representando um crescimento de 3,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O impulso desse desempenho histórico é atribuído ao aumento significativo no volume exportado pelo Brasil, mesmo em meio a uma tendência de queda nos preços pagos. No período de janeiro a setembro, os preços em dólar dos produtos brasileiros registraram uma diminuição de 10% em relação ao mesmo período de 2022. Por outro lado, o volume exportado testemunhou um crescimento notável de 14,7%, impulsionado principalmente pela colheita recorde de grãos na safra 2022/23.

A receita em reais proveniente das exportações também apresentou uma ascensão considerável, com um avanço de 4,3% na parcial de 2023 em comparação ao mesmo período de 2022. Esse incremento é atribuído, em parte, à leve desvalorização de 1% do real em relação ao dólar norte-americano, proporcionando uma vantagem para o desempenho do faturamento em moeda nacional em comparação ao faturamento em dólar, elevando-o em aproximadamente 1%.

Destaques nas exportações: milho, soja e outros produtos

O milho liderou o ranking de aumento nas exportações em volume nos primeiros nove meses de 2023, registrando um impressionante crescimento de 40%. Em seguida, a soja em grão apresentou um aumento de 23,8%, seguida por etanol (19,7%), açúcar (13,2%), carne suína (11%), carne de frango (7,6%), óleo de soja (4,8%) e farelo de soja (6,3%). Em termos de preço em dólar, produtos como açúcar, papel, carne suína e farelo de soja experimentaram aumento, enquanto o óleo de soja se destacou com uma redução superior a 30%.

Desafios e tendências: câmbio e comportamento do mercado

O cenário de desafios também é evidenciado pelos números. Apesar do expressivo volume de exportações, os preços nominais médios mensais em dólares recebidos pelos exportadores não conseguiram superar os valores do ano anterior. A queda em setembro de 2023 em comparação a setembro de 2022 foi de 14,7%, enquanto a média de nove meses registrou uma redução de 10%.

No mercado de câmbio, a moeda brasileira teve uma leve desvalorização em relação ao dólar norte-americano, com uma alta de 1% de janeiro a setembro. Entretanto, a estabilidade do Índice de Câmbio Real (ICR/Cepea), que desconta a inflação brasileira, foi mantida, ficando apenas 0,4% abaixo de setembro de 2022.

Figura 1: Desempenho Mensal – Indicadores de Preços e Volume de Exportação (IPE-Agro/Cepea e IVE-Agro/Cepea) para 2022 e 2023.

Figura 2: Comportamento do Câmbio e Preço Médio em Reais (ICR/Cepea e IPER-Agro/Cepea) – Variações Mensais e Anuais.

Apesar dos desafios, o agronegócio brasileiro se mantém como um pilar fundamental da economia nacional, contribuindo significativamente para a balança comercial e promovendo o crescimento do país no cenário global. O Cepea continuará monitorando atentamente essas tendências e fornecendo análises detalhadas para orientar os agentes desse setor estratégico.

China mantém liderança como maior parceiro comercial

A China continua consolidando sua posição como a principal parceira comercial do agronegócio brasileiro, gerando mais de um terço do valor total das exportações agropecuárias de janeiro a setembro de 2023. Com uma participação expressiva de 36,6% nas vendas externas do setor nesse período, o gigante asiático desempenha um papel crucial na economia agrícola brasileira.

Os dados revelam que a China é o maior comprador de diversos produtos, destacando-se com quase 71% da aquisição de soja em grão, 61% da carne bovina in natura, quase 47% de celulose, 36% de carne suína, quase 30% de pluma de algodão, 22% de milho, 18% de carne de frango, 13% de açúcar em bruto, 10% de óleo de soja, entre outros. No acumulado dos nove primeiros meses de 2023, os chineses aumentaram em cerca de 12% seus gastos com produtos brasileiros em comparação com o mesmo período do ano anterior, conforme mostra a Figura 3.

Figura 3: Principais Destinos das Exportações do Agronegócio Brasileiro em 2023.

Os países europeus, especificamente os 27 que compõem a zona do Euro (EU-27), permanecem como o segundo destino mais significativo para os produtos do agronegócio brasileiro, contribuindo com 13% da receita gerada com as exportações. Apesar de uma redução em relação aos anos anteriores, esses países continuam desempenhando um papel importante, sendo os principais compradores de produtos florestais, café, frutas e suco de laranja.

Os Estados Unidos mantêm sua posição como o terceiro destino das exportações do agronegócio brasileiro, representando 5,7% do valor total das vendas externas em 2023. Este país é um importante destino para produtos como madeira (42%), suco de laranja (33%), etanol (17%), café (17%), frutas (12%), celulose (16%), papel (10%), açúcar refinado (7%) e carne bovina in natura (4%) brasileiros.

Além disso, países sul-americanos como Argentina e Chile, asiáticos como Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Vietnã, e países árabes como Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos mantêm participação significativa nas exportações brasileiras de produtos do agronegócio, evidenciando a diversificação dos parceiros comerciais do setor.