O atraso no plantio de soja na safra 2023/24 no Brasil está gerando crescente apreensão no mercado. Fundos, traders e exportadores começam a indicar que os níveis de produtividade podem ficar abaixo das expectativas, impactando negativamente a oferta do grão.
O mercado financeiro americano reflete essa inquietação, com os fundos não-comerciais aumentando sua posição líquida comprada em contratos de soja em quase 50% em apenas uma semana. De acordo com a Commodity Futures Trading Commission (CFTC), o saldo entre contratos comprados e vendidos atingiu 59.077 posições compradas em 14 de novembro, o maior desde o início de agosto. Na semana anterior, os fundos tinham um saldo comprado de 39.781 contratos.
Na bolsa de Chicago, os preços da soja estão em alta, impulsionados pelas preocupações com os efeitos do clima no Brasil. O contrato do grão com vencimento em janeiro registrou um aumento de 0,4%, alcançando US$ 13,72 por bushel na tarde de hoje.
Relatórios do Itaú BBA apontam que a necessidade de replantio de áreas de soja em Mato Grosso pode ser maior do que inicialmente estimado devido ao clima irregular no Centro-Oeste.
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“O ritmo de plantio mostrou uma forte desaceleração, especialmente nas últimas semanas. Os mapas de chuva indicam volumes abaixo da média sobre o Mato Grosso nos próximos dias, o que pode não apenas aumentar a necessidade de replantio, mas também manter o atraso no avanço da semeadura”, afirma o relatório do banco.
Após duas semanas de forte calor e pouca chuva em todo o Brasil – exceto no Rio Grande do Sul – as precipitações começaram a retornar, trazendo algum alívio para a região produtora. No entanto, os volumes ainda são considerados insuficientes, especialmente para o norte de Mato Grosso.
“Tudo indica que o estresse sobre as lavouras no Mato Grosso persistirá, carregando a incerteza em torno dos números de produção para dezembro. Mesmo que a situação mude consideravelmente para melhor no próximo mês, os impactos negativos na produtividade da soja já são considerados irreversíveis”, destaca o relatório do Itaú BBA.