Durante o Global Agribusiness Forum (GAFFFF) em São Paulo, o comissário da Agricultura da Comissão Europeia, Janusz Wojciechowski, ressaltou a importância de focar na sustentabilidade como principal tópico de diálogo entre a Europa e o Brasil. Ele destacou a necessidade de melhorar a comunicação para promover uma produção mais sustentável. Wojciechowski enfatizou que segurança alimentar, sustentabilidade e solidariedade são pilares essenciais a serem trabalhados na agricultura internacional.
Ele observou que a visão estereotipada da agricultura brasileira ainda é centrada nos grandes produtores, mas acredita que uma produção sustentável deve incluir uma diversidade de perfis de produtores e incentivos apropriados. Wojciechowski sublinhou que tanto a América Latina quanto a Europa têm um papel crucial na garantia da segurança alimentar global, sendo ambos grandes produtores de alimentos. Ele também mencionou a dificuldade de manter jovens na agricultura como um desafio comum entre as regiões.
O ministro da Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos Costa, presente no evento, afirmou que é imperativo aumentar a produção para atender às necessidades futuras de alimentos, respeitando os recursos naturais. Ele destacou que, nas condições atuais, não será possível responder adequadamente à demanda de alimentos para os próximos 20 anos sem elevação dos níveis de produção por meio de investimentos tecnológicos. Para Mattos Costa, a edição gênica é a “grande ferramenta” para alcançar esse salto na produção.
Mattos Costa defendeu a criação de uma política agropecuária única que inclua políticas diferenciais para pequenas propriedades familiares, argumentando que com investimentos tecnológicos adequados, esses pequenos produtores podem oferecer uma identidade regional e local significativa. Ele também apontou o ciclo vicioso de baixo investimento tecnológico nas propriedades familiares, mas acredita que com as políticas corretas, esses produtores podem prosperar.
O ministro uruguaio também criticou o protecionismo no comércio global, afirmando que é incrível que os preços dos alimentos sejam fixados por países que não são grandes produtores. Ele destacou que a falta de integração internacional é um obstáculo para decisões multilaterais, elogiando a União Europeia como um exemplo de modelo integrador. Mattos Costa concluiu que “nossa individualidade nos compromete” e que o mundo ainda está longe de alcançar um processo de integração eficaz que permita tais decisões.