O agronegócio brasileiro registrou um expressivo aumento de 125% no número de fusões e aquisições nos primeiros nove meses de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023. Segundo levantamento da KPMG, foram realizadas nove operações até setembro, com destaque para os setores de fertilizantes e açúcar e etanol, que juntos protagonizaram o crescimento. Em 2023, haviam sido apenas quatro transações no mesmo intervalo.
Setores em destaque
O segmento de fertilizantes liderou o movimento, com sete operações, um aumento de 75% em relação ao ano anterior. No caso das usinas de açúcar e etanol, duas transações foram concretizadas, enquanto em 2023 não houve registro de fusões ou aquisições no segmento.
Giovana Araújo, sócia da KPMG, destaca o protagonismo das indústrias de fertilizantes e bioenergia. “Ambos os setores são intensivos em capital, e o cenário de elevado custo de capital no Brasil, aliado às perspectivas promissoras de crescimento, favorece essas transações. No caso dos fertilizantes, observa-se um posicionamento estratégico para produtos sustentáveis, como bioinsumos e organominerais, consolidando uma tendência. Já na bioenergia, as operações refletem o apetite renovado de grandes grupos em investir e expandir.”
Transações de destaque
Entre as operações mais notáveis do ano, estão:
- A compra de 50% da BP Bunge Bioenergia pela britânica BP, em junho;
- A aquisição da Solubio, focada em agricultura regenerativa, pela gestora Aqua Capital, por R$ 100 milhões, em agosto;
- A compra da brasileira Nitro 1000 pela israelense ICL, por US$ 30 milhões, no início do ano;
- A captação de até US$ 50 milhões pela Agrion junto ao Fundo Global para Recifes de Corais;
- A ampliação da participação do Agrogalaxy na Agrocat, de 80% para 90%.
Panorama geral da economia
No contexto de toda a economia brasileira, foram registradas 1.196 operações de fusões e aquisições de janeiro a setembro de 2024, um aumento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando houve 1.142 transações. Os setores mais movimentados foram tecnologia da informação (355 operações), internet (199) e instituições financeiras (68).
O agronegócio, apesar de representar uma parcela menor no total de operações, consolida sua relevância estratégica, especialmente em setores com alto potencial de crescimento e impacto, como fertilizantes e bioenergia. A tendência é que as transações sigam aquecidas, impulsionadas pela busca por inovação e sustentabilidade.