Para evitar imprevistos com a guerra na Ucrânia durante o fim de semana, os investidores do mercado de grãos optaram por liquidar posições nesta sexta-feira na bolsa de Chicago. Com isso, os preços encerraram o dia em baixa.
Trigo
O trigo liderou as quedas na sessão. Os contratos do cereal para dezembro caíram 3,64%, a US$ 8,5975 por bushel, e os papéis para março do ano que vem recuaram 3,47%, a US$ 8,77 por bushel.
Ontem, a Rússia deu a entender que não deve dar continuidade ao acordo que permitiu à Ucrânia retomar suas exportações de grãos pelo Mar Negro. Em entrevista à Reuters, o embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU), Gennady Gatilov, disse que, caso o Ocidente não alivie as sanções ao país, o Kremlin pode decidir pelo fim do acordo com a Ucrânia. Além disso, a Rússia fez um ataque de drone na região de Kiev e atingiu um edifício residencial no sul do país, segundo as agências internacionais. A ação teria matado vários civis.
Segundo a empresa americana de tecnologia em logística Project44, mais de 220 navios deixaram os portos ucranianos em setembro. O número é quase quatro vezes maior que o de julho, mês de assinatura do acordo, quando 58 embarcações zarparam. A consultoria argentina Granar aponta a valorização do dólar no mundo como um elemento adicional de pressão sobre as cotações dos grãos. A alta da moeda americana reduz a competitividade das exportações do país.
Milho
Os contratos do milho para dezembro, os mais negociados na bolsa de Chicago, fecharam o dia em baixa de 1,15%, a US$ 6,8975 por bushel. Já os papéis de segunda posição, para março do ano que vem, recuaram 1,28%, a US$ 6,9625 por bushel. “Os futuros de milho estão caíram devido à alta acentuada do dólar, à queda do petróleo bruto e às preocupações com a recessão global, que persistem”, disse Terry Reilly, da Futures International, em nota à Dow Jones Newswires. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reportou hoje que o país vendeu 200,2 mil toneladas de milho na semana até o último dia 6, volume inferior às 227 mil toneladas da semana anterior.
Operadores esperavam algo entre 300 e 900 mil, segundo a consultoria Granar. Segundo a HedgePoint Global Markets, o corte na projeção de safra dos EUA e a guerra na Ucrânia sustentaram os preços nos últimos dias.
As perspectivas também pioraram na Argentina, que seria o próximo grande exportador a colher sua safra. “Com esses fatores somados, temos um aperto se desenhando no milho especialmente até maio, quando a colheita já estará avançada na Argentina e o Brasil já deverá estar começando a colher sua nova safra de inverno”, afirma o analista de grãos e proteína animal da consultoria, Pedro Schicchi. Além disso, avalia ele, a guerra na Ucrânia e o baixo nível do rio Mississipi, nos EUA, podem impedir os excedentes exportáveis de chegarem ao mercado global.
Soja
Os papéis da soja para novembro, os de maior liquidez na bolsa de Chicago, caíram 0,86%, a US$ 13,8375 por bushel. Os lotes de segunda posição, para janeiro do ano que vem, recuaram 0,91%, a US$ 13,9275 por bushel. A valorização do dólar e o temor de que a economia global entre em recessão pressionaram a oleaginosa, mas o anúncio de mais uma venda de soja americana à China limitou a queda. Depois de comprarem 526 mil toneladas na quarta-feira e 264 mil toneladas ontem, os chineses adquiriram mais 392 mil toneladas do grão americano nesta sexta.