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Biocombustível

ENC planeja crescer com usinas de biogás de aterro

Subsidiária da portuguesa ENC em associação com a gestora GEF Capital Partners, empresa pretende dobrar o portfólio até 2024, atingindo 55 MW  

ENC planeja crescer com usinas de biogás de aterro

A ENC Energy Brasil se prepara para expandir seus negócios com o biogás de aterro sanitário, fonte de geração de energia que, apesar de incipiente, tende a ganhar mais destaque nos próximos anos, apoiada na onda de investimentos sustentáveis e em avanços legislativos como o novo marco de saneamento.

Subsidiária da portuguesa ENC em associação com a gestora GEF Capital Partners, a empresa pretende dobrar o tamanho do portfólio até 2024, atingindo 55 MW em usinas contratadas tanto no mercado livre de energia (ACL), quanto na modalidade de geração distribuída. Hoje, a ENC Brasil detém plantas de geração a biogás de aterro em seis estados (MA, PE, RJ, SP, MG e PR), que somam investimentos de R$ 50 milhões.

Segundo o diretor-presidente da ENC Brasil, Rodrigo Missel, o plano de dobrar a capacidade até 2024 considera premissas conservadoras, porque só contempla projetos “tangíveis”, para os quais a companhia já tem negociações avançadas com aterros e mapeamento de licenças ambientais, por exemplo.

“Para 2021, temos R$ 17 milhões aprovados em orçamento para continuar nossa expansão. Não temos valor consolidado de investimentos até 2024, porque trabalhamos em ciclos. A taxa de câmbio também pode influenciar muito, já que vários componentes das plantas são importados”, explica.

A geração de energia a partir do biogás ainda é pouco expressiva no Brasil, representando apenas 0,09% da oferta interna de energia, segundo a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás). Apesar disso, o país tem enorme potencial para desenvolver esse mercado, já que a principal origem do biogás são os resíduos do agronegócio e a cadeia pecuária. Outra via de obtenção do biocombustível é o setor de saneamento, através dos resíduos sólidos urbanos, encaminhados a aterros, e do tratamento de esgoto em estações (“ETEs”).

Na visão de Missel, o novo marco regulatório de saneamento tende a beneficiar os negócios no mercado de biogás, já que amplia as oportunidades de extração do biocombustível ao prever a universalização dos serviços de esgoto e novos prazos para a disposição final adequada dos rejeitos.

“A geração de energia ajuda a monetizar os aterros, pode contribuir para a disseminação deles. A destinação correta dos resíduos ainda não é difundida no país, em São Luís (MA), por exemplo, trabalhamos com o único aterro da região”.

Lançado neste ano pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Plano Decenal de Energia (PDE) 2030 contempla, pela primeira vez, projeções para geração a partir de biogás de resíduos sólidos urbanos. A previsão é de um limite mínimo de expansão de 60 MW dessas usinas no período. Ainda segundo o texto, os resíduos sólidos urbanos foram incluídos no PDE como “política energética e ambiental indicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME)”.

Para o executivo da ENC, o biogás pode desempenhar um papel estratégico para o sistema elétrico pelo fato de as usinas operarem de forma contínua, podendo fazer frente às energias renováveis “intermitentes”, como eólica e solar.

Por ora, a companhia está focada no biogás de aterro, mas considera ampliar as vias de crescimento no futuro. “Estamos conversando com ‘players’ do agronegócio e com gestão de ETEs. Também estamos em projetos avançados para a conversão de biogás para biometano, é uma possibilidade forte”.