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Mobilização

Bolívia: Açougues decidem protesto sobre aumento de 35% no preço do gancho de quilo

Junto com a greve, a Contracabol planeja abastecimento de carência de carne bovina, frango e suína a todos os mercados do país nos dias 26 e 27

Bolívia: Açougues decidem protesto sobre aumento de 35% no preço do gancho de quilo

Os varejistas de carnes do país se declaram em estado de emergência e em Santa Cruz definem paralisação por tempo indeterminado das atividades, a partir de hoje (sexta-feira), em protesto à indecisão das autoridades nacionais, departamentais e municipais em regulamentar o aumento do preço do gancho de quilo de proteína animal. Eles alertam que aumentou 35% (de Bs 17 para 23) nos últimos cinco meses.

Segundo o secretário executivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Carne da Bolívia (Contracabol), Jesús Huchani, na recente expansão setorial ocorrida em Tarija foi definida uma série de medidas que terão início com uma mobilização nesta sexta-feira em La Paz, do A ser anunciado, participarão delegações dos nove departamentos do país.

Além da medida anunciada pelos açougueiros da Santa Cruz que ativará a paralisação indefinida das atividades a partir desta sexta-feira, Huchani lembrou que outra medida determinada em Tarija é a escassez de carne bovina, frango e suína em todos os mercados do país. Para isso, disse que as bases foram instruídas para limitar a mobilização do gado vivo e da carne que sai dos centros de abate de Santa Cruz e Beni. A medida será cumprida nos dias 26 e 27.

Indicou que foram tolerantes ao esperar cinco meses por uma definição das autoridades ao pedido de regularização do preço do quilo de anzol da carne bovina. Ele esclareceu que não resistem mais à diferença no aumento registrado nos últimos cinco meses e que não consideram justo repassar a disparidade de preço ao consumidor.

Nesse contexto, Huchani afirmou que as bases pedem a revogação do decreto que autoriza a venda de carne bovina para mercados de exportação e penaliza o contrabando de gado vivo e carne que “foge” pela fronteira com Peru e Brasil.

Nesta sexta-feira, cotado na ABI, o dirigente da Federação Única dos Trabalhadores na Carne e Ramos Pecados (Futecra), Luís Pocoata, informou que o setor varejista está em situação de emergência devido ao aumento do preço do boi gordo, variável que afeta nesse setor.

“Há cinco meses houve uma alta nos preços do boi gordo, o que impactou a família de açougueiros da Bolívia. Os varejistas sofreram um aumento no custo de cinco a seis bolivianos e até agora, com um sacrifício incrível, nosso setor tem conseguido resistir”, lamentou Pocoata.

Aumento 

Os membros da Associação dos Talhos de Santa Cruz, de acordo com o máximo representante do setor, Jorge Lima, concordaram em entrar em greve indefinida de atividades a partir desta sexta-feira, em protesto contra a indecisão das autoridades nacionais, departamentais e municipais em regulamentar o aumento discricionário e escalonado do custo por quilo de anzol de carne bovina. Segundo ele, o preço subiu de Bs 17 para 23 (35%) desde novembro de 2020.

A partir de sexta-feira, ele disse que haverá escassez de carne bovina nos 84 mercados que atuam na ‘cidade dos anéis’. Alerta ao repassar a diferença (Bs 6) ao consumidor.

Extraoficialmente, sabia-se que os vendedores de carnes de frango e suína analisavam o dobramento à medida de pressão determinada pelos açougueiros.

Fazendeiros não falam

Conhecida a determinação dos açougueiros, a Federação dos Pecuaristas de Santa Cruz (Fegasacruz) indicou que hoje estabelecerá um posicionamento institucional a respeito. Porém, em março, as lideranças da pecuária de Santa Cruz e Beni, com indicadores estatísticos, revelaram que o preço do quilo anzol de boi vivo que é fixado nos leilões que operam na capital de Santa Cruz sofreu ligeiro variação de 2% no primeiro trimestre e não como os comerciantes de carnes pretendem fazer a população ver.

Na ocasião, o presidente da Fegasacruz, Alejandro Díaz, indicou que não é correto fingir cobrar dos pecuaristas primários com a aspiração dos comerciantes de aumentar o custo da carne. Ele deu a entender que de uma novilha anzol de 166 quilos que, segundo ele esclareceu, é o tipo de gado mais consumido no mercado de Santa Cruz, um comerciante varejista de carne obtém um lucro médio de Bs 374 para cada carne vendida.

Para o presidente da Associação dos Avicultores de Frangos de Corte (Avipar) de Santa Cruz, Winston Ortiz, a medida anunciada pelos açougueiros de todo o país é lamentável porque ameaça a segurança alimentar da população e “o Governo deve intervir para garantir a transferência de um alimento essencial na cesta básica das famílias bolivianas ”.