Não há duvidas sobre a importância das inovações tecnológicas para o agro, ou de que elas vieram pra ficar. O futuro chegou e nos faz brilharem os olhos através de drones, veículos autônomos, dados em nuvem, internet das coisas e outras verdadeiras maravilhas modernas, que trazem uma perspectiva quase infinita dos benefícios ao campo do amanhã. Parece ser uma questão de tempo para que o acesso amplo às novas tecnologias seja uma realidade no meio rural, facilitando o trabalho das pessoas e melhorando o desempenho produtivo.
Calçando as botinas para ver mais de perto como as coisas funcionam em propriedades rurais, entretanto, fica claro que nem tudo (ainda) pode ser resolvido com o “mundo 4.0”. Muitas questões cotidianas ainda são – e devem continuar sendo, por um bom tempo – de responsabilidade de indivíduos:
- Que decisão tomar com o atraso do fornecedor?
- Por que aquele cliente está insatisfeito? O que faremos para contornar?
- Quem vai cobrir as férias na equipe?
- Por que aquele animal está doente ou machucado?
- Onde estão aquelas peças do trator?
- De onde vem esse vazamento?
- Onde podemos melhorar no manejo?
- Quais desperdícios podemos eliminar?
Para essas e outras perguntas, ainda não dispomos de aplicativos, softwares ou imagens via satélite que deem conta do recado. A análise de cada uma delas, bem como suas respostas incidem sobre a “boa e velha” gestão, composta e orquestrada por pessoas em posição de liderança com habilidades e comportamentos para desenvolver, praticar e melhorar os mecanismos e rotinas ligadas à administração da performance, resolução de problemas, engajamento das equipes, entre outras funções.
Um bom sistema de gestão não precisa, necessariamente, de “bits e bytes” ou de grandes investimentos para ser eficaz. Precisa, sim, responder de forma efetiva e inequívoca às seguintes questões:
- Quais as rotinas gerenciais atuais? Quais são as frequências, durações e escopos?
- Como garantimos o alinhamento do trabalho da linha de frente com a estratégia da empresa?
- Há clareza de propósito para os diferentes níveis e funções?
- Quais são as principais dimensões de performance? Como as medimos e comunicamos?
- Como visualizamos a demanda? Como dimensionamos e organizamos os recursos para atendê-la?
- Como cada pessoa sabe o que, como e quando fazer?
- Como sabemos se estamos adiantados ou atrasados?
- Como os problemas são identificados, reportados e resolvidos? Temos um método para isso?
- Existe uma melhor maneira de se realizar o trabalho? Como ela está organizada e documentada? Qual a aderência aos padrões estabelecidos?
Se sua fazenda, granja ou sítio consegue responder a todos esses itens sem qualquer dúvida, parabéns, você faz parte de uma minoria no mundo agro. Na grande parte das propriedades rurais, talvez essas questões simplesmente nunca tenham sido discutidas em profundidade.
Por outro lado, se você ainda não resolveu pontos fundamentais da gestão, o pensamento lean, através de seu sistema de gestão, permite alinhar propósito e processos à alta competitividade, reduzindo custos e desenvolvendo as pessoas para resolverem problemas e eliminar os desperdícios com uma forma simples, mas eficaz, de pensar e agir.
A base da gestão precisa estar bastante sólida para receber e extrair todo o potencial que a tecnologia tem a oferecer. Sem gestão, você correrá um sério risco de automatizar e maximizar os seus desperdícios. Antes de qualquer coisa, tenha os processos operacionais e gerenciais sob controle. A tecnologia vem para somar, claro, mas na hora certa.