Os preços de produtos agropecuários no atacado inverteram o sinal e tiveram deflação de 1,82% em dezembro, após alta de 8,96% em novembro, informou nesta terça-feira, 29, a Fundação Getulio Vargas (FGV). A mudança do comportamento do setor foi a principal responsável pela desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) no período, de 4,26% para 0,90%.
Com o resultado de dezembro, o IPA-M agropecuário encerrou 2020 com alta de 49,43%. O IPA-M industrial também desacelerou na passagem de novembro para dezembro, de 2,31% para 2,09%, e chegou ao fim do ano com valorização de 25,31%.
Nas aberturas por estágios de processamento, a inversão de sinal das matérias-primas brutas (5,60% para -0,74%) foi o destaque da divulgação. A alteração foi puxada por uma inversão de sinal também das commodities: soja em grão (11,91% pra -8,93%), bovinos (7,40% para -0,58%) e milho (21,85% para -2,17%). Na outra ponta, impediram uma deflação mais intensa o minério de ferro (-2,39% para 4,34%), leite in natura (-3,80% para 2,41%) e café em grão (2,13% para 6,47%).
“Os preços da soja e do milho seguem em alta em bolsas internacionais e tal movimento pode limitar a magnitude dessas quedas nas próximas apurações”, alertou o coordenador de Índices de Preços da FGV, André Braz, em nota. As matérias-primas brutas acumularam inflação de 59,96% em 2020.
Os produtos de outros estágios de processamento também desaceleraram em dezembro. Os bens finais arrefeceram de 2,74% para 2,04%, puxados por alívio nos alimentos processados, de 4,15% para 2,29%. O grupo acumulou inflação de 15,78% em 2020.
Os bens intermediários cederam de 4,07% para 1,86%, puxados pelo arrefecimento na taxa dos materiais e componentes para manufatura, de 4,79% para 1,30%. O grupo teve alta de 21,38% no acumulado do ano.
Influências individuais
As principais pressões para baixo sobre o IPA-M partiram de suínos (14,0% para -13,41%), farelo de soja (21,26% para -1,99%) e tomate (29,24% para -30,16%), além de soja em grão e de milho em grão.
Na outra ponta, impediram uma desaceleração mais intensa o óleo diesel (2,15% para 7,80%), carne bovina (4,08% para 3,42%), aves (6,08% para 4,95%) e cana de açúcar (2,30% para 2,46%), além do minério de ferro.