O Canadá suspendeu ontem todas as exportações de carne suína para a China, após recomendação do governo chinês. Anteriormente, Pequim já havia suspendido a importação de carne suína de ao menos três empresas canadenses, com o argumento de que haviam sido encontrados vestígios de um aditivo alimentar, a ractopamina, em uma carga de carne suína congelada. A ractopamina é proibida na China, mas permitida pelo Departamento de Segurança Alimentar do Canadá.
Porta-voz da embaixada chinesa no Canadá afirmou que a China havia pedido ao governo canadense uma investigação sobre o problema, na qual se revelaram fraudes em certificados emitidos. “A fim de proteger a segurança dos consumidores chineses, a China adotou medidas preventivas urgentes e pediu ao governo canadense que suspenda todas as emissões de certificados para carne exportada para a China desde 25 de junho”, disse o porta-voz, em comunicado publicado no site da embaixada chinesa.
Um porta-voz da ministra da Agricultura do Canadá, Marie-Claude Bibeau, afirmou que as autoridades canadenses tomaram medidas cautelares. “O governo está trabalhando com as partes interessadas do setor de carne do Canadá e com as autoridades chinesas sobre o assunto”, acrescentou o porta-voz.
O Conselho de Carne Suína do Canadá afirmou que a medida não foi “o resultado de uma preocupação de segurança alimentar, mas o uso indevido da reputação do Canadá como fornecedor de produtos de qualidade segura”. A entidade acrescentou que a indústria da carne suína está em diálogo com as autoridades canadenses para definição dos próximos passos.
A China é um dos maiores compradores da proteína canadense. Em 2018, o Canadá exportou cerca de 280 mil toneladas de carne suína para a China. A medida ocorre em meio ao imbróglio diplomático entre os dois países, após a prisão da diretora Financeira da companhia chinesa Huawei, Meng Wanzhou, a pedido do governo dos Estados Unidos. Depois deste fato, Pequim interrompeu as compras de sementes canadenses de canola e intensificou as inspeções de produtos agroalimentares do país nas últimas semanas, como a soja e as carnes.
Especialistas em política externa dizem que os movimentos fazem parte do esforço de Pequim para persuadir o governo canadense a libertar Meng das audiências de extradição. Na última segunda-feira, a defesa de Meng pediu formalmente a liberação da executiva das audiências de extradição à Justiça canadense.