A Cofco International, grupo chinês que é uma das maiores tradings de commodities do mundo, projeta crescimento médio anual de 5% nas suas importações de grãos do Brasil nos próximos cinco anos. A informação foi dada pelo chairman do grupo, Jingtao (Johny) Chi durante palestra no Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a B3 – Brasil Bolsa Balcão. “A parceria da nossa empresa com os produtores brasileiros será cada vez mais aperfeiçoada, principalmente agora com um ambiente de negócios mais seguro e estável”, afirmou o executivo.
No entender do palestrante, a tendência para o futuro é de haver um estreitamento ainda maior do intercâmbio comercial entre a China e o Brasil. “A população chinesa vem mudando seus hábitos alimentares e, com o ganho de poder aquisitivo, consumirá cada vez mais proteína animal, o que abre boas perspectivas para os produtores brasileiros”, afirmou Jingtao Chi. Salientou ainda que, cada vez mais, aumenta a preocupação com a questão ambiental. “Vivemos uma transição na agricultura mundial para um modelo mais sustentável”. A Cofco tem adotado ações para estimular e premiar produtores que preservam o meio ambiente.
Custo Brasil
O primeiro painel do Congresso Brasileiro do Agronegócio tratou dos principais fatores que impactam o Custo Brasil, como por exemplo, a infraestrutura deficiente, a alta carga tributária e a instabilidade política que afasta os investimentos. O presidente da Yara Brasil, Lair Hanzen, destacou que a disparidade de valores dos tributos cobrados em cada estado é tão grande, que influencia na estratégia de distribuição das indústrias do agronegócio. Isso significa que, em alguns casos, os locais escolhidos para serem a base da distribuição em uma região dependem mais da tributação do que da logística.
O diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), Bernard Appy, corrobora com a avaliação de Hanzen e acrescenta que o ICMS é um dos tributos que mais impactam no Custo Brasil e ele não está contemplado no projeto de reforma da previdência. “Entendo que a elevada carga tributária não penaliza a empresa, mas sim o consumidor final”, afirmou Appy. “O agro é muito competitivo da porteira para dentro e a função do governo é não atrapalhar, sobretudo na área tributária”, acrescentou.
O presidente do Instituto CNA, Roberto Brant, avaliou ainda que as limitações do crédito rural também aumentam o Custo Brasil. “Acho um equívoco diminuir a participação do Banco do Brasil no setor. Os bancos privados ainda não estão estruturados completamente para absorver essa demanda. Assim, é necessária a criação de novas ferramentas de crédito, compatíveis com a grandeza do agronegócio e o retorno que o segmento gera para a economia”, reforçou.
No caso da logística, Brant relembrou que a infraestrutura rodoviária foi concebida há muito tempo para atender, incialmente, a economia do Sul e do Sudeste do País. “A maior necessidade de infraestrutura rodoviária e ferroviária está, hoje, situada na metade norte do nosso país. No entanto, tudo ainda é muito lento, além das licenças ambientais que, em algumas situações, são um obstáculo para as obras”, acrescentou.
O diretor de Operações Supply Brasil da Syngenta, Jorge Buzzetto, acrescentou ainda que estudos mostram que, para se igualar aos Estados Unidos – um dos principais concorrentes do Brasil na área do agronegócio – na questão logística, seria necessário o investimento de aproximadamente R$ 1 trilhão. “E eles não são os melhores em termos de logística, sendo o 14º do mundo”. Buzzetto ainda destacou que na área de defensivos agrícolas um fator que impacta o Custo Brasil é o registro do produto.
Homenagens
Além dos debates e discussões, o Congresso Brasileiro do Agronegócio prestou algumas homenagens a profissionais e programas de destaque no agro. Este ano foi prestada uma homenagem especial ao Programa Educacional Agronegócios na Escola, desenvolvido pela ABAG Ribeirão Preto. Foram entregues ainda os prêmios Personalidade do Agronegócio “Ney Bittencourt de Araújo” e Norman Borlaug de Sustentabilidade.
No prêmio Personalidade do Agronegócio, o homenageado deste ano foi o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio fundador da MB Associados. Já o Prêmio Norman Borlaug foi entregue a Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas. No primeiro caso, a apresentação do homenageado foi feita pelo ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, atual coordenador do GVagro da FGV. No caso do segundo homenageado, a apresentação foi feita por Luiz Carlos Corrêa Carvalho, ex-presidente e atual diretor da ABAG.