Com o objetivo de promover a inserção definitiva do biogás e do biometano na matriz energética brasileira, o VI Fórum do Biogás vai reunir representantes de todos os setores da cadeia de produção, aproveitamento e beneficiamento do segmento nos dias 31 de outubro e 1º de novembro em São Paulo.
Promovido pela Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o evento visa incentivar momentos de networking e troca de conhecimento, além de, nesta edição, discutir os desafios e possibilidades do biogás no Novo Mercado de Gás.
Para a secretária de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MNE), Renata Isfer, por ser uma tecnologia ainda nascente e em expansão, o biogás precisa ser conhecido por um público maior. “O Fórum é uma grande oportunidade para apresentar todo potencial que o recurso renovável possui”, afirmou Renata, que estará na mesa de abertura do evento.
Segundo Renata, grandes passos já foram dados, como a assinatura, em julho passado, do Termo de Compromisso de Cessão (TCC) entre Cade e Petrobras, no qual a estatal compromete-se a adotar diversas medidas que permitirão a outros agentes acessarem o mercado nacional. “O Novo Mercado de Gás visa à formação de um mercado mais aberto, dinâmico e competitivo, eliminando barreiras de entrada e favorecendo a competição no mercado de gás natural, hoje monopolizado pela Petrobras”, afirmou.
Para o presidente da Abiogás, Alessandro Gardemann, as mudanças vão favorecer o biogás, trazendo oportunidades principalmente no interior do País. “O gás natural é solução onde tem gasoduto, nas áreas restantes, podemos entrar com o biogás. São fontes complementares”, aposta Gardemann.
De acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para o próximo ano, a produção de biogás do setor sucroenergético será de 5,6 milhões de metros cúbicos, e de biometano, 2,8 milhões de metros cúbicos. A potência de geração elétrica com biogás será de 1,7 GWm.
A estimativa está longe do enorme potencial, que, segundo os cálculos da ABiogás gira em torno de 40 bilhões de metros cúbicos por ano para o gás natural renovável, utilizando as três principais fontes: sucroenergética, agricultura e saneamento.
RenovaBio
O presidente da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Newton Duarte, que participa de painel no Fórum, chama atenção para o potencial de crescimento do biogás com o início efetivo do RenovaBio, a partir de 2020. “Com o aumento da produção do etanol, uma das melhores destinações para a vinhaça é a sua biometanização. Já há tecnologia disponível no Brasil e experiências iniciais que nos levam a crer que esse mercado deva ter uma expansão na próxima década, a partir de investimentos de usinas sucroenergéticas que acompanham o tema com extremo interesse. Afinal, pode ser mais um modo de rentabilizar um resíduo, gerando biometano que poderá ser usado não só para a cogeração, mas como combustível nos caminhões de transporte de cana-de-açúcar e nas máquinas agrícolas e até mesmo para injeção nas redes das concessionárias de gás canalizado, estimulando uma economia circular. Na Cogen, apostamos muito no biogás e o vemos como o próximo grande passo para o setor sucroenergético”, afirmou.
Experiências locais
A coordenadora de Saneamento e Biogás na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Relações Internacionais do Governo do Rio de Janeiro, Flávia Porto, vai falar sobre o cenário do biogás no estado fluminense, que possui três grandes projetos de aproveitamento do biogás de aterro sanitário em operação: duas plantas de purificação para produção de GNR e outra para geração de energia elétrica. No município de São Pedro da Aldeia, está localizada a usina Dois Arcos que é pioneira na produção de biometano em escala comercial no Brasil. No aterro sanitário da cidade de Seropédica, está a usina da Gás Verde, maior planta da América Latina com produção diária de 200.000 m3/dia. Atualmente, o GNR produzido nessas usinas é enviado para postos de GNV e, no caso particular da Gás Verde, parte da produção é vendida para a indústria siderúrgica.
Recentemente, no aterro sanitário de Nova Iguaçu, a Gás Verde instalou uma termelétrica a biogás com capacidade instalada de 16,5 MW, e outro projeto no aterro de São Gonçalo está em fase de instalação. “O Rio de Janeiro tem um grande potencial de produção do biogás, principalmente a partir dos resíduos do saneamento (lixo e esgoto). Logo, por meio da disseminação das boas práticas, atualização regulatória e aumento da demanda, especialmente nas regiões do interior, espera-se capturar mais investimentos, aproveitar as vocações regionais e fortalecer a indústria do biogás, gerando mais empregos, renda e desenvolvimento econômico para população fluminense”, afirmou.
Promoção da concorrência
Fundador e CEO do Grupo Capitale Energia, Daniel Augusto Rossi participa do painel sobre promoção da concorrência, que tem o biogás como fonte complementar do gás natural. Em sua visão, o mercado competitivo do gás pode ser comparado ao mercado livre de energia elétrica, onde criou-se um ambiente maduro para entrada de diversos novos players de produção e comercialização, e colocou o poder de compra na mão de quem deve estar: os consumidores. “O setor crescerá muito em oportunidades de novos projetos pra produção de molécula e o Biometano começará a ocupar um lugar de destaque na matriz energética dos consumidores”, acredita.