Estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, indica que o consumo doméstico de carne suína pode aumentar 1,63% em 2018, o que corresponde a 49,6 mil toneladas a mais em relação ao estimado para 2017. Esse incremento na demanda tem como base um cenário mais conservador para a estimativa de crescimento do PIB pelo Banco Central do Brasil (BC), de 0,62% em 2018. Já dentro da porteira, o Cepea calcula aumento de 2,38% na produção de carne suína. Com isso, os excedentes exportáveis (quantidade de carne disponível para exportação) seriam 5,27% superiores em 2018 frente ao ano anterior. Neste contexto, o desafio da suinocultura nacional neste ano será ampliar os destinos da carne brasileira ao mercado externo.
Caso o consumo nacional de carne suína aumente mais, agora tomando-se como base um crescimento econômico ligeiramente mais firme, a quantidade de excedentes exportáveis tende a aumentar menos. Assim, tendo como base uma outra estimativa de crescimento do PIB do Banco Central, agora de 2,53%, cálculos do Cepea apontam aumento de 2,85% no consumo doméstico, ou de 86,8 mil toneladas a mais que em 2017 (e 51 mil toneladas a mais que no primeiro cenário). Neste contexto, ainda que a produção seja superior, o aumento nos excedentes exportáveis em 2018 frente ao ano anterior seria bem tímido, de apenas 0,54%.
Em 2017, os maiores importadores da carne suína brasileira foram Rússia, Hong Kong e China, que, juntos, foram destino de 68,4% de todo o volume embarcado até novembro. Para 2018, segundo estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o ritmo de importações por parte da China deve ser menor. Essa tendência já vem sendo observada desde julho de 2016, quando a China anunciou aumentar sua produção doméstica, apesar de ter limitações para expansão.
O recente embargo imposto pela Rússia à carne suína brasileira também trouxe incertezas ao setor quanto ao volume que será importado pelo país em 2018. Estimativas indicam que, em 2016, de todo o volume de carne suína importada pela Rússia, 93% saíram do Brasil. Para 2018, há a expectativa de que a Rússia volte a elevar as compras no Brasil.
Para este ano, o setor está no aguardo, também, do anúncio de reconhecimento de que o Brasil é um país livre de febre aftosa com vacinação, a ser realizado na reunião anual da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em maio de 2018. Esse novo status sanitário deve contribuir para que o País diversifique os destinos das exportações de carne suína, resultando, no longo prazo, na melhoria de toda a cadeia.
Os reflexos deste novo cenário já foram percebidos em 2017, quando a Coreia do Sul passou a importar carne suína brasileira de três frigoríficos localizados em Santa Catarina – atualmente, único estado do País reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação. A abertura desse mercado representa uma grande oportunidade para a cadeia promover a sua internacionalização, uma vez que, em 2016, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o volume demandado internacionalmente pela Coreia do Sul corresponde a 84% do exportado pelo Brasil. O desafio agora é explorar este mercado, já que os Estados Unidos são um forte concorrente.
É importante ressaltar que as atenções de demandantes e investidores globais se voltem ao Brasil em 2018, devido ao ano eleitoral – vale lembrar que decisões de um novo governo refletem em vários aspectos econômicos, entre eles, o câmbio e novos investimentos.
Quanto ao cenário doméstico, as possíveis recuperações da economia e retomada do crescimento em 2018, pautadas na diminuição da taxa de juros, no controle da inflação, na relativa estabilidade do câmbio, na redução do índice de desemprego e na melhoria do PIB, tendem a elevar o consumo geral da população. Com isso, a expectativa é de aquecimento na demanda por carnes.
Em relação aos custos de produção, os desembolsos do setor com aquisição de insumos para formulação de ração podem ser superiores aos de 2017. Isso porque o preço do milho tende a subir neste ano, devido ao atraso na colheita da soja da safra 2017/18, que pode retardar o plantio do cereal.