O custo médio do quilo de carne de frango produzido subiu 15% entre janeiro e junho, segundo dados da Agri Stats. Segundo dados consolidados do primeiro semestre de 2018, o preço médio de produção do quilo da carne de frango passou de R$ 2,14, em janeiro, para R$ 2,22, em março, chegando a R$ 2,46, em junho. A alta significativa em três meses é reflexo do aumento no custo dos grãos e da greve de caminhoneiros realizada no período, que impactaram o mercado avícola brasileiro.
Ainda segundo a consultoria, a tendência é que esses custos continuem aumentando para a agroindústria nos próximos meses, ainda como consequência destes desafios.
O levantamento ainda mostra que o peso médio do frango no abate aumentou de 2,910kg, em março, para 3,015kg, em junho. A explicação é que a greve e os bloqueios para a exportação de aves fizeram com que os produtores mantivessem o frango no campo por mais tempo. A consequência foi o maior consumo de ração pelos animais neste período, com alta do volume de abate após a retomada dos transportes, entre maio e junho.
Com relação aos ingredientes da ração, o cenário também não contribuiu. O preço do farelo de soja subiu mais de 20% no período, de R$ 1.178 por tonelada, em março, para R$ 1.414 por tonelada, em junho. Já o milho teve alta de R$ 30,66 a saca, em março, para R$ 39,10, em junho, no preço médio.
“O frango no campo por mais tempo, principalmente no mês da greve dos caminhoneiros, consumiu cerca de 80 gramas a mais de ração para cada quilo de carne de frango produzido. Isso significa um aumento médio de 250 gramas a mais de ração para cada ave abatida, um impacto muito considerável já que a ração representa 70% dos custos de produção do frango”, explica Geraldo Broering, gerente geral da Agri Stats.
A tendência para o setor de grãos é incerta para o próximo ano, segundo a consultoria, já que a USDA, o departamento de Agricultura dos Estados Unidos, divulgou a previsão de redução de 3% na produção de milho do país em 2019. Diminuindo a produção, o produtor norte-americano pode ter que comprar a commoditie de outros países produtores, como o Brasil, influenciando os preços. O mesmo pode acontecer com os chineses. “As empresas precisame encontrar o melhor equilíbrio econômico para ter um melhor custo alimentar, que é a relação entre os custos com fórmulas e a conversão alimentar, senão a conta não fecha”, sugere Broering.
O custo da carne após o abate também teve aumento, partindo de R$ 3,83 reais, em março, para R$ 4,05, em junho. Este custo, no entanto, foi amenizado pelo fato de o frango ter sido abatido mais pesado, o que diluiu alguns custos fixos de abatedouro, como manutenção, depreciação e custo com salários.
“Algumas empresas conseguiram rápida recuperação dos desafios recentes da avicultura, com ajustes no volume de produção, nos estoques e no mix de produtos, gerando mais valor e melhorando o faturamento. Muitas companhias se organizaram, buscaram alternativas e encontraram soluções para expandir a área comercial com novas fontes de negócios”, conclui o gerente.