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Desenvolvimento

Brasil aposta na recuperação de demanda por energia a partir 2018

País prevê que a demanda por energia começará a se recuperar no ano que vem, acompanhando a melhora da situação econômica

Brasil aposta na recuperação de demanda por energia a partir 2018

O Brasil prevê que a demanda por energia começará a se recuperar no ano que vem, acompanhando a melhora da situação econômica do país.

Após cancelar o único leilão de energia voltado a fontes eólicas e solares de 2016, o Ministério de Minas e Energia traça planos para realizar duas licitações em dezembro e outras duas em 2018.

“Vemos sinais de recuperação econômica para 2018 em diante”, disse o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, em entrevista, em Brasília. “Abriu o espaço para expansão da geração agora, e ele será preenchido por projetos de energia renovável e de gás natural.”

A decisão de cancelar o leilão do ano passado foi tomada em meio à crescente sobrecontratação de eletricidade pelas distribuidoras em um momento em que o Brasil enfrentava sua pior recessão em um século. Neste mês está sendo realizado um leilão de descontratação, no qual empresas que não estão conseguindo construir seus projetos podem devolver seus contratos. Ainda assim, a perspectiva de recuperação econômica está estimulando a pasta a planejar os próximos anos.

“O governo está mais otimista em relação ao crescimento econômico do Brasil, enquanto o mercado está mais conservador”, disse Ricardo Savoia, diretor da consultoria Thymos Energia. “Mas há sinais da crescente necessidade de nova capacidade a partir de 2022, se houver retomada de crescimento.”

O consumo de energia na maior economia da América Latina recuou 0,9 por cento no ano passado, em grande parte devido à demanda industrial fraca, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Com a expectativa de sobrecontratação de 9 gigawatts até 2020, aquele não era o momento certo para ampliar a capacidade, afirmou o governo ao cancelar o leilão de 2016.

O aumento das taxas de juros, as flutuações da taxa de câmbio e a restrição maior aos empréstimos bancários afetaram a capacidade das empresas de concretizar os projetos com os quais haviam se comprometido. Há cerca de 1,5 gigawatt em projetos paralisados na fase de implementação, segundo a Thymos Energia.

“Vamos enxugar a oferta, que era fictícia ”, disse Pedrosa. “Agora temos novos leilões para novos projetos.”

O governo anunciou na segunda-feira que realizará seus primeiros leilões de energia nova do ano em dezembro — as usinas vencedoras terão que entrar em operação em 2021 e 2023. Apenas fontes renováveis poderão apresentar oferta na primeira licitação, enquanto a segunda aceitará oferta de várias fontes de energia. As companhias têm até 6 de setembro para registrar interesse, segundo publicação no Diário Oficial da União.

Há mais dois leilões programados para 2018, um deles esperado para o início do ano e o segundo, para o fim do ano, segundo Pedrosa.

Os grandes projetos hidrelétricos — tradicionais nos planos de expansão elétrica anteriores do Brasil — não estão na agenda desta vez, segundo Pedrosa, porque o financiamento barato do BNDES foi reduzido.

“A usina de Tapajós não está no horizonte”, disse ele, em referência à hidrelétrica de 8.040 megawatts em São Luiz do Tapajós. O projeto na Amazônia era planejado há anos e o Ministério do Meio Ambiente o rejeitou no ano passado devido ao dano potencial ao meio ambiente e à população indígena.