Estão abertas até 21 de março as inscrições para o IrrigaWeb 2016, capacitação via internet em uso e manejo de irrigação com carga horária de 200 horas. Em tempos de mudanças climáticas e aquecimento global, o uso sustentável da água ganha ainda mais importância. A iniciativa não é meramente um curso, mas “um evento-âncora estratégico como parte dos esforços para promover a expansão, aprimoramento e desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos e agricultura irrigada”, explica o pesquisador Frederico Ozanan Durães, gerente-geral da Embrapa Produtos e Mercado e coordenador geral do IrrigaWeb.
As inscrições tiveram início na segunda-feira (22/02) e, somente no primeiro dia, 153 candidatos já fizeram inscrição pelo sítio https://ead.spm.embrapa.br. A seleção para as 500 vagas gratuitas, a ser feita por um comitê, levará em conta o conhecimento técnico, atuação profissional alinhada ao tema e disponibilidade de tempo de dedicação. “Iremos avaliar o potencial de uso do conhecimento pelo candidato, e também vamos buscar a regionalização com candidatos de todas as regiões brasileiras”, destaca Durães.
Para a edição 2016, a capacitação incluirá três oficinas regionais com possibilidade de participação presencial. Os locais das oficinas serão divulgados em 22 de março, quando está previsto o início do primeiro dos dez módulos do curso. As oficinas serão presenciais, mas também terão transmissão ao vivo pela internet e o conteúdo será disponibilizado online para estudo posterior.
O uso mais eficiente dos recursos hídricos pressupõe compreender tanto água quanto solo, planta, animal e atmosfera. Para tanto, os módulos do IrrigaWeb partirão de uma base conceitual até chegar a dimensionamento de sistemas e recomendações relacionadas a aplicações de água na irrigação de cultivos.
Potencial de expansão da agricultura irrigada
Para o pesquisador, a vasta maioria dos produtores rurais não faz uso de uma agricultura irrigada com base científica. “Ainda é mais baseado em São Pedro”, comenta. Neste aspecto, o IrrigaWeb contribui para expandir a agricultura irrigada com manejo adequado. O potencial de crescimento já está mapeado. Dos 6,1 milhões irrigados no Brasil, 19% são áreas em que há potencial de expansão imediato e outros 44% também apresentam algum potencial. Os outros 37% não contam com potencial de expansão em função do esgotamento de água nas bacias hidrográficas.
As informações agregadas sobre a agricultura irrigada no Brasil constarão em um atlas a ser lançado no final de março pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O Atlas, um estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) a pedido do Mapa, irá detalhar a capacidade de expansão e servirá para orientar políticas públicas e o empreendedorismo.
“Água na agricultura é ciclo hidrológico, e não desperdício”
Aumentar a eficiência do uso da água na atividade agropecuária, responsável por 70% de toda água retirada de mananciais no mundo, é essencial para tornar a produção de alimentos mais sustentável. Porém, o coordenador do IrrigaWeb salienta que a agricultura não deve ser vista como vilã do desperdício de água. “Água na agricultura é ciclo hidrológico, e não desperdício”.
A agricultura transforma a água em alimento. A água em vez de perder-se é transformada. “Apenas 2% da água é constitutiva, ou seja, forma biomassa. O restante retorna”, comenta. Para o pesquisador, compreender a funcionalidade do ciclo hidrológico é importante para entender que o sistema agrícola adequadamente manejado não é um desperdiçador de água.
“Se a água é tema estratégico, instituições como a Embrapa têm que prover serviço estratégico”, salienta Durães. Dessa forma, o IrrigaWeb faz parte de um esforço maior – a plataforma água na agricultura – que busca ampliar o desenvolvimento sustentável da agricultura irrigada.
A pertinência do tema é ampliada pelas projeções da Unesco, que apontam aumento do consumo de água em 55% até 2050 com base no consumo global aferido em 2014. Uso e manejo de irrigação também é temática alinhada a um dos dos dezessete objetivos globais que compõem a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: “objetivo 6 – assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”.