Santa Maria de Jetibá é o principal polo produtivo de ovos do Espírito Santo e um dos principais do Brasil. De acordo com o “Perfil da Avicultura Capixaba”, publicado pela Associação de Avicultores do Espírito Santo (AVES), cerca de 93% da produção de ovos do estado se concentra em Santa Maria.
Mesmo sendo um grande polo produtivo da avicultura, boa parte da população não tinha conhecimento da importância da atividade para a economia local. Por isso, a AVES junto com a Coopeavi, os demais avicultores associados e a prefeitura, organizou o I Concurso Pedagógico sobre a avicultura para os professores do ensino público do município.
“Nós vimos, como associação, que havia e há uma necessidade de aproximar o meio acadêmico das atividades econômicas do município, em especial a avicultura. Conseguimos quebrar vários mitos e trazer várias informações relevantes sobre a avicultura, com essa iniciativa”, explica o Diretor Executivo da AVES, Nélio Hand.
Para o Secretário de Educação de Santa Maria de Jetibá, Charles Moura Neto, o ensino não pode se limitar aos muros das escolas e ao conteúdo tradicional, ele precisa ser contextualizado para o aluno e a sociedade sobre os meios econômico e social do município. Por isso, a prefeitura contribuiu para a realização do concurso.
“Essa oportunidade que a AVES e a cooperativa proporcionaram à educação de Santa Maria foi muito importante para mostrar todas essas questões que são relativas a vocação econômica e entender a cadeia, porque quase todo os estudantes estão envolvidos diretamente ou indiretamente a avicultura”, disse o Neto.
Em abril, foi realizado um workshop com mais de 100 pedagogas envolvidas com a educação no município para apresentar informações e dados sobre a atividade avícola santa-mariense. Depois disso, elas tiveram a oportunidade de visitar algumas instalações produtivas.
As pedagogas levaram as experiências adquiridas no workshop e visitas para as escolas, e desenvolveram trabalhos com os alunos sobre a avicultura de postura comercial, com intuito de valorizar a identidade socioeconômica de Santa Maria de Jetibá.
Os trabalhos foram avaliados no dia 10 de agosto por uma banca formada por agentes envolvidos diretamente na cadeia avícola santa-mariense. Diversos temas foram abordados pelos trabalhos como meio ambiente, sanidade, economia, oportunidades, entre outros. Os oito melhores foram classificados como finalistas.
Os melhores foram premiados
O trabalho vencedor foi divulgado no primeiro dia (26) da XVII Feira Científico-Cultural e a III Semana Regional Centro-Serrana de Ciência e Tecnologia. Os três melhores receberam premiações em dinheiro. Com o tema “Casquetando com ovos”, a professora Nicoly Gomes Covre, da EMEIF Luiz Henrique Potratz, ganhou a premiação máxima de 1,5 mil reais.
O trabalho desenvolvido na EMPEIF de Rio Triunfo, pela pedagoga Maristela Berger Amorim, sobre “a vida da pintainha” ficou em segundo lugar. Em terceiro lugar, foi premiado o trabalho da escola EMEIF Antônio Gonçalves, desenvolvido pela pedagoga Valdete Kruger Martins, com o tema “Wijwilemeireigerinerschaul (Ovos são saudáveis: queremos mais ovos nas escolas)”. Elas levaram para casa uma premiação de mil e quinhentos reais, respectivamente.
“A ideia surgiu devido à grande quantidade de ovos produzidos em Santa Maria de Jetibá. Em média, são 1.700 quilos de cascas descartadas, com isso, o trabalho abordou soluções de como reutilizá-las de forma sustentável”, disse Nicoly Covre sobre o seu trabalho premiado.
De acordo com a pedagoga, o projeto foi essencial para levar o conhecimento a todos os alunos e as professoras, pois ela mesmo não possuía conhecimento do tamanho da avicultura, como funcionava a cadeia avícola e a importância da mesma para o município.
“Eu não tinha a mínima ideia, eu achei esse projeto muito interessante, não somente para os alunos, eu aprendi muito, porque pesquisei bastante, os alunos também. Acredito que essa iniciativa foi benéfica para esclarecer a todos sobre o tema”, afirma Nicoly.
Para Daniel Piazzini, Gerente de Marketing da Coopeavi e um dos jurados do concurso, a iniciativa foi excelente. “Acredito que esta ação foi muito acertiva principalmente porque teve como foco a educação, sendo trabalhada em sua base, através das crianças e adolescentes em diferentes faixas etárias. O aprendizado por meio da educação é o melhor caminho para poder valorizar o trabalho do avicultor, bem como toda a cadeia, contribuindo para que no futuro as próximas gerações se conscientizem da importância da atividade para economia local, para qualidade de vida do município e do próprio Estado do Espírito Santo”, disse.
Tabatha Lacerda, Gerente do Instituto Ovos Brasil, que também foi jurada no concurso disse que a iniciativa foi uma das mais interessantes que já teve o privilégio de acompanhar. “Fiquei muito contente em poder participar da banca avaliadora do Projeto. Impressionante o engajamento, alegria e criatividade dos professores que realizaram os trabalhos. E imprescindível o direcionamento que foi dado pelas orientadoras pedagógicas, que nortearam as intervenções para que os pontos fundamentais e objetivos fossem sempre levados em consideração em todas as etapas. Um trabalho incrível de construção da educação com impacto real na visão que toda uma comunidade tem sobre o alimento ovo e a atividade econômica da produção de ovos”, frisou.
Destino certo para as premiações
O dinheiro das premiações recebido pelas professoras já tem destino certo. “Estou montando um apartamento, e por acaso iria comprar um sofá, esse dinheiro vai para este sofá, com certeza”, disse Nicoly. Já as outras premiadas, Maristela e Valdete, disseram que a premiação servirá para pagar os impostos de suas motos e dívidas.
Sustentabilidade
De acordo com Nélio, a questão sustentável, levantada pelo trabalho vencedor do concurso, já é uma preocupação muito grande dos avicultores de Santa Maria. “A sustentabilidade está muito relacionada com a nossa atividade em vários aspectos. A começar pelo esterco, o principal dejeto, que recebe o devido tratamento e depois vai para a atividade da agricultura, que é amplamente beneficiada”, comentou.
Uma das preocupações é o uso da água, essencial para a produção avícola e cada vez mais escassa devido ao grande período de seca vivido no Espírito Santo.
“Fizemos alguns levantamentos, e constatamos que há 20 anos o consumo médio por ave era superior a 300 litros de água, hoje esse consumo é não passa de 15 litros em um período de 40 a 50 dias, esse é o aspecto fundamental da sustentabilidade. Nós temos uma atividade que é extremamente preocupada com isso”, afirma.