O segundo dia do III Fórum do Biogás, promovido pela Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás) discutiu os diferentes usos do biogás e do biometano, a convergência entre as diferentes associações e entidades do setor e os impactos na sociedade civil brasileira.
Na avaliação do vice-presidente da ABiogás, Alessandro Gardermann, o segmento do biogás consolidada um mercado nacional forte e se projeta para o futuro uma indústria nacional para geração de energia.
“Temos importantes projetos de referência para os diversos usos e modelos de negócio. Recentemente o Brasil inaugurou a maior termelétrica movida a biogás do país; já existe uma frota de carros que pode ser abastecida com biometano; e uma montadora já comercializa veículos pesados movidos a biometano. A indústria do biogás esta se estabelecendo e se mostra como uma commodity energética e ambiental.”
O debate contou ainda com o envolvimento de líderes de diversos segmentos como a consultoria Datagro; a União da Indústria de Cana de Açúcar (Única); a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegas); e a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
Para o presidente da Datagro, Plínio Nastari, há uma clara sinergia entre o biogás e o setor sucroalcoleiro, que pode reduzir a pressão energética no Brasil.
“Pela dimensão, escala e natureza da produção e transporte da cana-de-açúcar no brasil, que ocorre num raio econômico de transporte curto, de 25 a 30 quilômetros, o aproveitamento mais direto e imediato para expansão de biogás e biometano no Brasil é através do setor canavieiro e sucroenergético”.
Nastari lembrou que o Brasil se comprometeu a garantir a segurança energética atendendo as metas especificas determinadas no Acordo de Paris, de ter ate 2030 mais de 20% de sua matriz elétrica a partir de fontes renováveis não hídricas e ainda de substituição de combustíveis fosseis.
Biogás na diversificação da matriz energética —O gerente de bioeletricidade da Unica, Zilmar José de Souza, tocou em um ponto fundamental do biogás, a capacidade de geração de bioeletricidade. Segundo os dados da ABiogás, o setor sucroenergético poderia gerar 83,3 mil GWh por ano de energia elétrica, que poderia ser injetada na rede.
De acordo com Zilmar, o setor de biogás poderia gerar energia a partir de vinhaça e do bagaço da palha. “A cada litro de etanol produzido são gerados media 12 litros de vinhaça, que pode gerar biogás para energia elétrica”.
O executivo lembrou que o biogás permite a flexibilidade de geração de energia elétrica por até 11 meses durante o ano, por não ser uma fonte intermitente como a eólica e a solar.
O Diretor de tecnologia e regulação da Cogen, Leandro Caio acrescenta a vantagem do biometano no setor canavieiro.
“Temos de potencia instalada de cogeração 16 gigawatts (GW), sendo 11 GW só de bagaço. O biometano como combustível poderia substituir o diesel de toda a frota do transporte nas usinas de açúcar e etanol do Brasil”.
Hoje o biometano é reconhecido como similar ao gás natural e pode ser injetado nos gasodutos ou utilizado como combustível de veículos leves e pesados, sendo uma alternativa viável e sustentável para o uso de diesel.
Já para o Gerente de Planejamento Estratégico e Competitividade da Abegás, Marcelo Mendonça, o biogás e o gás natural não podem ficar disputando o mesmo mercado e devem se unir para fortalecer o setor.
“O biometano é um novo suprimento para as distribuidoras, uma maneira de aumentar o portfólio de fornecedores, trazendo cocompetitividade para o setor”.