O custo de produção de suínos está ligado a diversos fatores que passam pela boa seleção genética até o de transporte para o frigorífico. De acordo com o ICPSuíno (Embrapa), não há dúvida que a parcela de maior peso ainda é a nutrição.
Embora setembro de 2016 tenha apontado modesta retração para 79,16% de participação no custo total. Os últimos dez anos indicaram representatividade de custo que com frequência chegaram a 80%, revelando a importância em elevar a eficiência da produção, além da entrega de alimentos aos animais. Algo complicado, devido ao problema ser multifatorial, ou seja, depende de dezenas de variáveis que se complementam afetando o resultado geral da eficiência de nutrição.
Esses números são resultado da operação por dieta sólida composta majoritariamente de milho e soja, sendo esse o modelo mais comum de produção de suínos no Brasil.
Alguns países com grande tradição em suinocultura, especialmente a com cerca de 200 milhões de animais, alcançaram melhora significativa de desempenho econômico ao utilizar a técnica de “Alimentação Líquida para Suínos” que melhora vários fatores ao mesmo tempo, desde que feita com um bom suporte de automação do processo. Atualmente cerca 50% dos suínos desses países, especialmente os de creche e terminação, operam via alimentação líquida automatizada.
Entre os fatores de melhora de desempenho pode-se destacar:
Nutrição – redução de desperdício: De 10% para até 3%.
Melhora significativa na palatabilidade e digestibilidade e de acordo com Klaus Pettinger, aumento da conversão alimentar quando conjugadas com o bem estar animal dada a eliminação de poeira e ganho de conforto térmico na altura de respiração dos animais, sendo esses por si só agentes redutores de eficiência. A ALFA também identificou significativa redução do desperdício na transição entre alimentação e ingestão de água, isso porque há uma tendência do suíno ingerir líquido e comer novamente diversas vezes ao dia acumulando ração não ingerida na face e nas patas entre essas operações. A alimentação líquida atenua esse problema por compensar em até 85% a demanda por ingestão direta de água e por não haver a fase sólida, geralmente em pó, eliminando a segregação de alimento.
Nutrição – melhora na produção e distribuição: De 65% para até 30%.
O agente mais importante na otimização do custo com nutrição é a possibilidade de uso de matéria prima alternativa, geralmente derivada da produção de alimento para humanos e considerada resíduo. Esse fator isolado pode reduzir em até 35% o custo total, conforme comprovam resultados de suinocultores no interior de SP, mas que só é bem aplicado em alimentação líquida, uma vez que para entrar na alimentação seca é necessária a desidratação dessas fontes antes do processamento, pois nesta fase operacional há alto custo energético.
A alimentação líquida comporta ainda o uso de coprodutos com alto valor nutricional como iogurte, soro de leite e residuais das indústrias de cerveja e biodiesel, desde que o balanço de “massa seca” seja considerado na formulação nutricional.
Em termos de produção, a imersão em líquido melhora significativamente a mistura dos componentes, podendo alcançar uma formulação mais precisa e distribuída, desde que auxiliada por um bom sistema de automação.
Outros – redução de desperdício: De 21% para até 16%.
Outros agentes de custo como mão de obra, custo operacional, transporte, manutenção e energia são otimizados com a operação por alimentação líquida. Um destaque especial para a mão de obra e custo operacional são necessários, além disso o percentual direto pode ser melhorado e, sobretudo, o uso dos recursos humanos pode ser redirecionado para tarefas de gerenciamento.
O gráfico a seguir demonstra as oportunidades de melhora em cada etapa do processo:
É importante salientar que a alimentação líquida, quando corretamente implementada, atua como agente integrador na gestão de todas essas variáveis de processo por acomodá-las todas em uma única grande operação, mas a contínua observância de cada variável e a compreensão das melhores práticas em cada aspecto continuam essenciais, assim como a máxima eficiência da gestão e das operações, visando a melhoria contínua.
Nos próximos artigos detalharemos alguns desses aspectos e apresentaremos mais detalhes para os índices de redução de custo aqui apresentadas.