A JBS espera acelerar a redução de seu endividamento no próximo ano com ajuda da oferta pública inicial de ações (IPO) nos Estados Unidos da subsidiária JBS Foods International, afirmou o presidente executivo do grupo brasileiro de alimentos, Wesley Batista, nesta terça-feira.
O executivo não informou quanto a companhia pretende levantar com o IPO da unidade, mas afirmou que 100 por cento dos recursos serão usados para redução da alavancagem do grupo, que encerrou setembro em 4,32 vezes dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). A dívida líquida somava 48,855 bilhões de reais. As ações da empresa tinham forte alta nesta terça-feira, avançando mais de 12,93 por cento às 12:04, enquanto o Ibovespa mostrava alta de 0,56 por cento.
Analistas do Credit Suisse consideraram que o IPO da JBS Foods International, que tem sede na Holanda e vai reunir todos os negócios internacionais do grupo mais a divisão Seara de alimentos processados, tem potencial para destravar valor para o grupo. Batista afirmou que a JBS pretende transferir todos os bônus da JBS SA para a JBS Foods International de modo a balancear a dívida do grupo e que a empresa deverá pedir permissão aos detentores do papel nos próximos meses para este passo. “A proposta é fazer o balanceamento completo do endividamento antes do IPO”, disse o executivo.
A reorganização da maior empresa de proteína animal do mundo é um fator catalisador para os papéis do grupo, segundo os analistas do Credit Suisse, depois que o braço de participações do BNDES (BNDESPar) bloqueou em outubro um plano anterior da empresa de listagem da unidade por não gostar da ideia de que a sede do grupo ficaria sob uma entidade na Irlanda.
“Eu entendo que o banco (BNDES) viu esta nova estrutura proposta com bons olhos”, disse Batista durante teleconferência com analistas. Segundo o executivo, a nova estrutura proposta traz os mesmos benefícios da operação barrada anteriormente pelo BNDES e o fato de a sede da subsidiária ser na Holanda não trará necessariamente nenhum ganho adicional para o grupo.
Ele frisou, no entanto, que o plano atual do IPO da JBS Foods International não precisa do crivo do BNDES para seguir adiante já que o grupo pode fazer uma emissão de ações de até 10 por cento de seus ativos totais a cada 12 meses. Atualmente, a JBS SA tem cerca de 55 bilhões de reais em ativos.
Segundo o executivo, a JBS Foods International terá duas classes de ações, mas apenas uma delas será listada na bolsa de Nova York, a classe A, que representará 1 voto para cada papel. Uma classe B, que ficará sob controle da JBS SA terá poder de 10 votos por papel.