Em apresentação na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (14), o ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) destacou os principais desafios do agronegócio brasileiro. De acordo com ele, o Brasil precisa avançar nas exportações de produtos não tradicionais, fazer mais acordos comerciais com os países e blocos econômicos, cobrar reconhecimento pela qualidade e sustentabilidade de sua produção agropecuária e importar mais, como forma de intensificar o fluxo comercial agrícola global.
Durante a audiência pública, Blairo Maggi mostrou que os países que mais exportam são também grandes importadores. Deu o exemplo da China, que importa muito, processa e vende produtos com maior valor agregado.
Em relação a setores de pouco peso na pauta comercial do Brasil, citou o de pescados, no qual o país tem uma fatia de apenas 0,2% no mercado mundial. “Em 58% de tudo o que se comercializa no mundo, o Brasil não participa”, observou. Já soja e grãos figuram entre os itens que o país exporta mais do que consome. “O Brasil tem um estoque muito grande de grãos e pode aumentar ainda mais as exportações.”
O Brasil é grande produtor também de açúcar, café, suco de laranja, carne bovina e frango, o que contribui para que o agronegócio seja responsável por quase 50% das exportações do país. Hoje, o setor representa 21% do PIB (Produto Interno Bruto). A participação seria maior, acrescentou, se a metodologia incluísse, por exemplo, o caminhão usado pelo produtor no escoamento da safra, mais isso é contabilizado no PIB da indústria.
O ministro reforçou o papel da produção agrícola na economia. “Se não fosse o desempenho do setor, tudo seria mais complicado”. Quanto ao resultado das vendas externas, comentou que, só não é melhor porque os preços internacionais das commodities vivem um ciclo de baixa.
Enfatizou ser preciso “identificar países grandes com os quais o país ainda não tem negócios para ingressar nesses mercados”. E destacou que o papel do governo é o de promover a abertura, mas que a negociação é tarefa de empresários.
Maggi chamou a atenção para a estimativa de que 51% da população mundial estará na Ásia em 2030. “O crescimento do continente revela que devemos olhar para lá, onde a classe média está crescendo e onde não há terras nem água disponíveis para produzir o suficiente para toda a população.”
O cenário, na avaliação do ministro, permite traçar ações para aumentar a participação do Brasil no mercado agrícola mundial de 6,9% para 10%, em cinco anos. Falou da importância, para tanto, de valer-se também da diplomacia e comentou que, ao se distanciar de grandes negociações mundiais nos últimos anos, “o Brasil estava perdendo o bonde da história”.
Nas missões internacionais que o Mapa tem realizado, segundo Maggi, muitos demonstram interesse na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mas disse que sempre tem negociado um retorno para o Brasil, no caso de cooperação tecnológica e na área de pesquisa.
Sustentabilidade
Sobre conservação ambiental, o ministro disse que outros países precisam reconhecer o que tem sido feito no Brasil, como a preservação de áreas verdes, o cumprimento de exigências do Código Florestal. “Deveriam fazer igual e, se não conseguem, devem reconhecer o esforço brasileiro e dar preferência aos nossos produtos.” E contou já ter iniciado conversas com ONGs internacionais para atrair recursos para financiar iniciativas preservacionistas.
Também defendeu a importância da participação e m convenções que tratam de meio ambiente. Lembrou que o México chegou a propor moratória de biotecnologia. “Se você não está lá para se posicionar contra, num caso como esse, eles aprovam uma resolução e não teremos mais avanços nessa área.”