Os cenários político e econômico do país têm interferido nos resultados de todos os setores e segmentos da economia brasileira e isso inclui as cooperativas de todos os 13 ramos existentes no país. “Em 2016, assim como todos, colhemos os frutos azedos da crise que afeta o Brasil”, ressalta Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), em entrevista à equipe SNA/RJ.
Apesar do momento difícil, ele afirma que o setor vem enfrentando bem a situação, porque o melhor do cooperativismo é cooperado: “O cooperativismo tem um elemento que possibilita passar por crises, minimizando seus impactos negativos. Trata-se do cooperado. A cooperativa é uma empresa de gente, cujo principal capital é o humano”.
Freitas continua dizendo que, “desta forma, com investimento forte, gestão especializada e apoio de todo o quadro social, as cooperativas anteveem crises e oportunidades e se lançam cada vez mais seguras em um mercado competitivo e que exige resiliência de todos os envolvidos”.
De acordo com o presidente da OCB, “as cooperativas, mais do que grãos ou crédito, oferecem confiança aos cooperados, aos fornecedores, parceiros e clientes”. “E, assim, devagar e sempre, elas vão caminhando por entre os frutos azedos, colhendo o melhor sabor de todos: a sustentabilidade de seus negócios.”
Adesão
As cooperativas agropecuárias no país já respondem, atualmente, por 50% no valor da safra brasileira, sendo que as de crédito representam a sexta maior força financeira do Brasil. Diante desse contexto promissor, o agropecuarista pode optar por fazer parte de uma cooperativa, bem ao estilo “a união faz a força”. Para tanto, ele precisa conhecer as instituições representativas.
“O Sistema OCB é composto por três instituições: pela Confederação Nacional das Cooperativas, responsável por questões sindicais do setor; o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, que cuida da parte de monitoramento e qualificação da mão de obra cooperativista; e a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), cuja missão é promover as relações institucionais do setor. E cada Estado conta com uma estrutura assim”, informa Freitas.
Para quem deseja conhecer mais sobre o cooperativismo, ele relata que existem alguns caminhos: “O primeiro deles é o nosso portal, que reúne diversos níveis de informação que podem ser úteis a quem deseja fazer parte de uma cooperativa ou até mesmo criar uma empresa cooperativista. Outra sugestão é procurar a unidade do Sistema OCB nos estados brasileiros. Nessas unidades, há pessoas prontas para auxiliar o interessado em todo o passo-a-passo que pode leva-lo a ser um novo cooperado”.
Perspectiva 2017
Para 2017, a perspectiva do presidente da OCB é de crescimento: “Nossa expectativa não pode ser outra: crescer! É preciso ter isso claro em nossas mentes. Só assim, com vontade de crescer, é que poderemos ser mais criativos para encontrar soluções para os problemas do mercado, do cliente, do concorrente, dos fornecedores”.
Na opinião dele, não há dúvidas de que será um ano difícil, “talvez até uma repetição do que foi 2016, mas também não ignoramos a força dos nossos cooperados que, como ninguém, querem vencer mais essa crise, ampliando sua participação nos mercados interno e externo e gerando mais segurança econômica não apenas para os cooperados, mas para toda a comunidade localizada em volta de uma cooperativa”. “Sabe o porquê? Porque acreditamos que juntos mais fortes e que todos vencem à medida que ninguém perde.”
Livro de Boas Práticas
Também para auxiliar o produtor rural, em setembro passado, o Sistema OCB e o Banco Central (BC) lançaram o livro “Cooperativismo de Crédito – Boas práticas no Brasil e no mundo”, durante o 11º Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred), no Rio de Janeiro.
“Esse livro é o resultado de um projeto ousado de prospecção de boas práticas focadas no ramo Crédito, iniciado pelo Sistema OCB em parceria com o Banco Central do Brasil, ainda em 2012”, conta Freitas.
Segundo ele, a iniciativa culminou com a formação de um grupo de servidores do BC e gestores cooperativistas, “que ampliaram seu olhar sobre o universo das cooperativas de crédito, durante uma série de visitas técnicas realizadas no Brasil, Alemanha, França, Holanda e Canadá”.
De acordo com Freitas, “o objetivo é disseminar o máximo de conhecimento sobre o nosso modelo de negócio e suas particularidades, para que as pessoas compreendam, de fato, as especificidades e o imenso potencial transformador do cooperativismo”. “Desta maneira, o livro pode auxiliar todos aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre a estrutura, a governança, o desempenho e as boas práticas de gestão das cooperativas de crédito.