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Crise energética

Deficiência de energia ainda prejudica indústria e agropecuária do grande oeste de SC

Representantes do setor produtivo querem que sejam acelerados os investimentos da Celesc que estão em curso no oeste para a ampliação do sistema de alta tensão. O objetivo é aumentar a capacidade de transformação em 23% com mais 316 MVA.

Deficiência de energia ainda prejudica indústria e agropecuária do grande oeste de SC

As graves deficiências no fornecimento de energia elétrica no grande oeste catarinense estão causando pesados prejuízos aos setores industrial e agropecuário. Unidades industriais  e estabelecimentos rurais paralisadas e com perda de produção e produtividade estão se tornando ocorrências frequentes na região, com perdas, inclusive, de planteis.

No ano passado, essa situação provocou grande prejuízo de ativos biológicos em pelo menos 30 mil aves perdidas, por semana, nos períodos mais críticos de dezembro,  janeiro e fevereiro. Neste ano já se chegou a 40 mil aves. Além da perda econômica para avicultores e para as indústrias, a mortandade frequente de aves e o calor excessivo trazem riscos de ordem sanitária.
O presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente de agronegócio da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) Mário Lanznaster e o presidente da Organização das Cooperativas de Santa Catarina (Ocesc) Marcos Antônio Zordan pedirão ao Governo do Estado a aceleração das obras da Celesc na região.

A situação está se tornando crônica porque as quedas de energia no oeste são maiores que a média catarinense. O Fórum de Desenvolvimento do Oeste, coordenado pela Fiesc e Unoesc, constatou no ano passado que a região teve os piores indicadores de todo o Estado: o DEC (tempo acumulado que as unidades consumidoras ficaram sem energia) ficou  87% acima da meta e o FEC (indica a quantidade de vezes que ocorreu interrupção no fornecimento) registrou 74% acima da meta.

Lanznaster expõe que, além das deficiências, o alto custo da energia elétrica prejudica a competitividade da indústria e encarece todos os produtos manufaturados. Lembra que o setor industrial é responsável por aproximadamente 46% do consumo de energia elétrica no Brasil.
O dirigente lamenta que os transtornos do setor produtivo  com o suprimento de energia elétrica nas vastas regiões agrícolas estão se tornando um pesado custo adicional em um momento em que a avicultura e a suinocultura catarinense, como grandes cadeias produtivas, estão perdendo competitividade em razão de várias condicionantes como as deficiências logísticas de transporte, a falta de mão de obra e os incentivos fiscais oferecidos por outros Estados, como Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Por outro lado, o presidente da Ocesc Marcos Zordan salienta que a má qualidade da energia elétrica na zona rural e o preço cobrado pelo consumo encarecem a produção, especialmente em relação a energia utilizada em armazenagem de grãos, resfriamento de leite e criatórios automatizados para aves e suínos. A situação ameaça uma estrutura produtiva formada por  cerca de 200 mil estabelecimentos rurais que abrigam plantéis permanentes formados por 150 milhões de frangos e 7,5 milhões de suínos.

Os criadores de aves são os mais prejudicados. Em face da escassez de mão-de-obra na área rural e da otimização dos processos produtivos, está ocorrendo crescente emprego da automação nos aviários, com equipamentos automáticos de climatização em criatórios hermeticamente fechados. As frequentes oscilações de tensão e as quedas no fornecimento têm causado sérios prejuízos, com perda de equipamentos. Com a climatização sem funcionar, as temperaturas próximas ou superiores a 40 graus causam alta mortandade. Muitos desses casos resultaram em ações indenizatórias que tramitam na Justiça.

Além do suprimento de energia elétrica, o problema se concentra na qualidade das redes de distribuição. Os maiores percalços à produção, na zona rural, situam-se nas propriedades rurais localizadas nas pontas das redes. Ali, a má qualidade e as quedas constantes da energia causam a queima e a perda de equipamentos, paralisando a produção.

ACELERAR
Lanznaster e Zordan querem que sejam acelerados os investimentos da Celesc que estão em curso no oeste (mais de 90 milhões de reais) para a ampliação do sistema de alta tensão. O objetivo é aumentar a capacidade de transformação em 23% com mais 316 MVA. Os investimentos estão concentrados nas linhas de transmissão e nas subestações instaladas na região. A Celesc mantém no grande oeste 15 subestações (sete de 138kV e oito de 69 kV) com capacidade instalada de 879 MVA. As obras da Celesc estão espalhadas em oito frentes.