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Consumidores renovam a indústria de alimentos - por Sylvia Wachsner

Se por um lado vivenciamos a consolidação da indústria de alimentos processados, com o resultante ganho de escala e acesso a novos mercados.

Consumidores renovam a indústria de alimentos - por Sylvia Wachsner

Se por um lado vivenciamos a consolidação da indústria de alimentos processados, com o resultante ganho de escala e acesso a novos mercados, por outro, marcas ícones como Coca-Cola e McDonald’s vem diminuindo seus resultados financeiros. A grande indústria de alimentos está sendo questionada pelos consumidores, que, na procura de uma alimentação mais saudável, adquirem produtos orgânicos, naturais, mais frescos e contendo ingredientes de fácil reconhecimento.
Então, qual é a importância da compra da Kraft Foods, pela H.J. Heinz, do Warren Buffett, o homem mais rico do mundo, e o fundo privado 3G Capital Partners LP, de empresários brasileiros? Como este negócio, calculado em torno de US$ 49 bilhões, apontado como o terceiro maior no setor de alimentos e bebidas dos Estados Unidos que junta os cereais da Kellogg, o cream cheese Philadelphia e o ketchup da Heinz, mudará o cenário das grandes marcas alimentícias?

As pessoas associam que uma boa saúde está relacionada aos alimentos que ingerem. Produtos menos processados, mais saudáveis, caíram na graça dos consumidores no Brasil e no exterior. O cenário da indústria de alimentos vai mudando. Grandes procuram adquirir marcas menores de rápido crescimento. Assim, a empresa francesa Nutrition et Santé, líder europeia em “bem estar e saúde”, e subsidiária do grupo japonês Otsuka Pharmaceutical, comprou a paranaense Jasmine, que produz alimentos orgânicos, integrais e funcionais.
A norte-americana Campbell Soup, oferece seis linhas de sopas orgânicas, fruto de aquisições de pequenas marcas de alimentos. E no final de 2014, a multinacional General Mills, comprou a novata Amy’s Kitchen, especializada em alimentos orgânicos e naturais. No Brasil e no exterior, o “bem estar e saúde” e as opções de alimentos mais saudáveis e naturais, modificam as tradicionais gôndolas dos supermercados.
A desconfiança dos consumidores com os produtos altamente processados, o questionamento sobre se, afinal, são alimentos de verdade e a preferência por alimentos sustentáveis, abre espaço para inovação e investimento em novas marcas.
Mas voltemos à Kraft Foods, e especulemos como os brasileiros da 3G Capital Partners LP, conhecidos pela gestão pautada pela eficiência e o corte de custos, poderiam redirecionar a empresa. A agência Reuters, em artigo publicado em março desse ano, levanta a hipótese de novas aquisições e cita as norte-americanas Hains Celestial e WhiteWave, de alimentos orgânicos e naturais, como possíveis alvos. Será?

Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura