O aumento do dólar vai impactar o custo de produção da soja com uma previsão de aumento de cerca de 30%. O alerta foi dado pelo analista da Embrapa Agropecuária Oeste, Alceu Richetti, durante a realização do “Encontro de avaliação da safra da soja 2014/2015 e perspectivas para 2015/2016”, em Mato Grosso do Sul, realizado na quarta-feira, 15 de abril, no auditório da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, MS.
Alceu explica que o custo total médio, por saca produzida, na safra 2014/2015 foi de R$43,00 por hectare. Na próxima safra, os cálculos realizados, com taxa de variação cambial estimada de R$-3,044, o valor deverá saltar para R$55,75, um expressivo aumento, que ainda deverá ser confirmado na prática quando as atividades de plantio da soja tiverem início, a partir de setembro.
Segundo Alceu, além do dólar, o aumento no valor dos combustíveis e dos insumos também contribui para essa significativa elevação do -do custo. Na safra 2014/2015, o custo por hectare com o combustível que era de R$ -162,24, passará para R$ 173,46 por hectare na próxima safra.
Alceu explica que a próxima safra vai exigir muito planejamento dos produtores, “o produtor deverá anotar detalhadamente tudo o que for investido , pois somente assim poderá calcular corretamente o seu custo de produção. Deve ainda manter os dados organizados”, acrescenta.
Segundo Alceu, o produtor também precisa realizar um levantamento de preços prévio dos insumos que serão utilizados, fazer pesquisa de preços com atenção. “O orçamento pode ser feito com base no princípio ativo dos produtos utilizados e não somente com olhar voltado para marca. Existem produtos similares de qualidade e que muitas vezes são mais baratos, apesar de não serem muito conhecidos e isso pode impactar positivamente o custo de produção da lavoura”, explica ele.
Outra dica importante, é o acompanhamento dos preços da soja no mercado de futuro. “Essas informações possibilitam ao agricultor fazer um planejamento completo da safra”, destacou Alceu.
Para o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damália, a instabilidade do mercado é algo que preocupa o produtor. “Algumas interferências externas, como o aumento dos combustíveis, por exemplo, atrapalham a atividade”, explicou Damália.
Safra recorde – A conquista do resultado recorde de produção de soja no Mato Grosso do Sul, na safra 2014/2015, que viabilizou a colheita de 6,8 milhões de toneladas do grão, proporcionando safra recorde no Estado e a posição de quinto maior produtor de soja do País, também esteve em debate no Encontro.
Os dados da safra da soja foram disponibilizados, por meio da ferramenta de monitoramento da Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS (Aprosoja/MS), denominado Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga/MS). A instituição acompanhou lavouras de soja em 27 municípios, levantando dados quantitativos e qualitativos da safra.
O Diretor Executivo da Aprosoja/MS, Lucas Galvan, explica que o Siga MS, começou a ser utilizado na safra 2009/2010, e que também disponibiliza e organiza estatísticas agropecuárias de outras culturas em Mato Grosso do Sul. “Informações sobre levantamento de produtividade, identificação e localização de armazéns, acompanhamento do plantio e desenvolvimento também compõem o banco de dados do Siga”, disse ele.
Ele disse ainda que para fazer o levantamento de informações para o Siga/MS, trabalham quatro equipes, divididas em regiões (norte, centro, sudeste e sul). “Na safra da soja, esses profissionais percorreram 92 mil quilômetros no Estado, registrando 17.754 pontos. O sistema pode ser acessado nos seguintes endereços www.aprosojams.org.br/sigaweb ou link direto www.sigaweb.org/sistema. Os interessados podem ainda se cadastrar para receber boletins semanais sobre a produção agrícola do Estado.
Esse positivo resultado até então inédito no MS, foi conquistado mesmo diante de situações climáticas adversas. O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Ricardo Fietz, explica que houve grande variação no total das chuvas ocorridas no Sul do Estado, ocorreram veranicos e estiagens com intensidades variáveis.
“De maneira geral, nessa safra, devido a antecipação da semeadura, em setembro, e o atraso no plantio, na segunda quinzena de novembro, reduziu os efeitos nocivos causados pela deficiência hídrica”, explicou ele.
Encontro – O Encontro realizado em Dourados, reuniu cerca de 150 pessoas, entre consultores, técnicos da assistência técnica rural, produtores, estudantes, representantes de cooperativas e de órgãos do governo, além de outras pessoas interessadas no assunto.
O evento também contou com palestras sobre: ocorrência de doenças, proferida pelo pesquisador da Fundação MS, José Fernando Jurca Grigolli; ocorrência de pragas, com o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Crébio José Ávila; além de comercialização e logística, com o proprietário da Sophus Consultoria, João Pedro Cuthi Dias.
O produtor rural de Ponta Porã, Luiz Carlos Seibt, ficou muito satisfeito com os resultados do evento. “O encontro reuniu informações qualificadas e relevantes sobre o que aconteceu na safra passada e o que pode acontecer na próxima. Estou muito satisfeito”, acrescentou.
O encerramento foi realizado com um debate, que teve como mediador o Chefe Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Lafourcade Asmus. O evento foi uma realização da Embrapa Agropecuária Oeste com apoio de outras entidades.