A agricultura ocupa cerca de 1,7 bilhão de hectares no mundo, mas ainda existem alguns milhões para serem utilizados. Mais de dois bilhões de pessoas trabalham no campo, que alimenta, veste, aquece, ilumina e cuida da saúde de sete bilhões de pessoas ao redor do planeta. Pelos números dá para se ver a importância da atividade agrícola. Por isso, membros de 45 países parceiros da rede agri benchmark, composta por economistas agrícolas, assessores, produtores e especialistas na produção de cultura e seus rendimentos, estiveram reunidos para debater as tendências e perspectivas na produção agrícola mundial.
A conferência “agri benchmark Cash Crop” reuniu, em Goiânia, de 13 a 15 de julho, no Hotel Mercure, uma grande quantidade de especialistas no agronegócio. Eles apresentaram e discutiram resultados de pesquisas e de trabalhos realizados em seus países, seguindo a metodologia utilizada no projeto Campo Futuro, da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com diversas entidades de pesquisa, que gerencia riscos de preços e custos de produção da propriedade rural. “Nesses três dias, foram feitos vários comparativos de rentabilidade entre culturas e escalas de produção dos diferentes países participantes, entre eles: Tailândia, Vietnã, Rússia, Estados Unidos, França, Singapura, Argentina, Ucrânia, Brasil, China e outros da União Europeia”, explicou Yelto Zimmer, coordenador alemão da rede de pesquisadores.
De acordo com Zimmer, desde 2012, a “agri benchmark” realiza anualmente essa conferencia para debater os desafios do setor agropecuário, como forma de ajudar e padronizar globalmente os métodos de produção e comercialização. “Dessa maneira, dados e informações são compartilhadas, trazendo segurança e confiabilidade a todo o processo”, observou. O “Fórum Global agri benchmark Cash Crop” é coordenado pelos Institutos alemães Thünen-Institute (TI) e DLG e, no Brasil, conta com a parceria do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) e da CNA, e apoio da Aprosoja Brasil.
Para Pipat Weerathaworn, da Tailândia, o evento é muito importante para seu país, pois, através das apresentações, é possível conhecer a realidade dos demais países produtores. “Ainda temos muito que trabalhar. Nossa produção é pequena comparada ao consumo. Somos um garotinho em relação ao Brasil na produção de açúcar. Não dá para competir”, frisou. Ngoc Luan, do Vietnã, compartilha da mesma opinião, uma vez que seu país enfrenta muitos desafios de produção, como mão de obra escassa, terra fragmentada, e, principalmente, pela má condição climática. “Nos últimos 20 anos a produção variou bastante. Ainda temos que comer muito ‘arroz com feijão’ para chegar perto do Brasil”, complementou.
O representante dos Estados Unidos, Michael Longemein, frisou que a troca de informações entre os países é muito boa para aumentar a competitividade do setor e melhorar a qualidade das culturas. “Apesar dos Estados Unidos serem muito competitivos na soja e milho, em razão das condições climáticas deste ano, podemos perder mercado para o Brasil”, relatou.
Dimitri Rylko, da Rússia, observou que cada país mostrou durante os três dias de debate técnico seus desafios e suas peculiaridades. “Novas ideias foram compartilhadas e novas parcerias celebradas”, disse. “A conferência da agri benchmark aproxima as culturas de todos os países. Isso é muito bom e importante para todo mundo”, complementou Johannes Gergely da Ucrânia.
Segundo Mauro Osaki, do Cepea, por meio deste encontro pode-se ver o quanto o Brasil ainda precisa crescer e quais os países ele deve ficar de olho para aumentar seu potencial de competição. “Temos muitos gargalos, principalmente no quesito infraestrutura, que reduz nossa competitividade. Mas estamos bem cotados nas culturas de soja e milho”, finalizou.
Os temas mais debatidos na Conferência foram: reação de produtores de todo o mundo à diminuição dos preços agrícolas, questões tecnológicas, ajustes estratégicos do manejo das lavouras diante das plantas invasoras resistentes a herbicida, as barreiras comercias e mudanças climáticas.